quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Sangue de burro!

 

Séria ameaça à paz social!...

 

 

Não assisti à cena, porque não fazia parte daquela equipa, mas o episódio é verídico: Duas amigas muito amigas, que trabalhavam nos serviços administrativos da filial da “minha” empresa no Porto, por qualquer coisa que ninguém chegou a entender bem, azedaram de tal forma que uma delas, de cor branca, esgotados os argumentos “decentes”, teve a audácia de ofender a outra, que era mulatinha, nestes inadmissíveis termos: “Vê-se bem que tens sangue de preto”! À ofendida, perante tamanho desplante, rolaram as lágrimas pela face, ao mesmo tempo que respondia: “E tu tens sangue de burro”!

 

Este desabafo deu origem a uma chuva de aplausos dos colegas que assistiam, a agressora caíu também num choro convulso, correu para a outra de braços abertos a pedir perdão, e tudo acabou na paz dos anjos, retomando as duas o relacionamento que todos conheciam; como havia na empresa tolerância zero para atitudes racistas, a malcriada também escapou a um mais que certo processo disciplinar, para o que a chefia da secção a que as duas pertenciam não deixaria de proceder.

 

Este intróito para o que li no JN, acerca da denunciada xenofobia e racismo nas Faculdades de Engenharia e de  Letras da Universidade do Porto, de que têm sido alvo estudantes estrangeiros, sobretudo brasileiros, da parte de outros estudantes e, pasme-se, até de professores, segundo denúncia da “Quarentena Académica”, grupo de cerca de 30 estudantes que se organizou em março passado, no contexto da pandemia covid-19; é bom saber-se que o reitor daquela instituição de ensino superior – que diz não lhe ter chegado nenhuma queixa - reiterou que não pode tolerar na comunidade académica quaisquer atitudes de xenofobia, racismo, machismo, discriminação ou atitudes difamatórias, atentatórias do bom nome e dignidade individual, mas seria melhor passar das palavras aos actos e mandar investigar onde está o mal e quem o pratica...

 

 

Amândio G. Martins

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