domingo, 1 de fevereiro de 2015

ANDA, ACOMPANHA-ME


Anda, acompanha-me. Puxa brilho nas botas, dá um passo, um chega para haver princípio.
Se aceitares esta proposta indecente, mas delicíosa, somos dois. Sendo dois convencemos muito melhor o terceiro - está em inferioridade numérica e vai vencer a inércia de espectador, curioso por nos acompanhar.
Em sendo três somos muitos, todos querem vir. Num relampejo, somos quatro e cinco e infinitos números e quantidades, uma multidão a caminhar, dominando exemplarmente todos os pontos cardeais, com prazer e fidalguia.
Não tenhas nem a menor nem a maior das dúvidas, os nossos passos fazem tremer o chão, e as cabeças.
Não importa que as passadas sejam síncronas – pelo contrário, não queremos dessas – basta serem passadas na companhia de amigos, para se dar um belo de um passeio. E com certeza que chegaremos lá, ao fim de um dia bem caminhado e decisões tomadas consensualmente no acordo de termos trocado impressões civilizadas enquanto andávamos.
O ar quase puro do campo oxigena boas ideias.
Terminamos cansados de músculos que antes não existiam, mas despedimo-nos bem dispostos e vencedores, combinando a próxima saída.
Anda, vem comigo. Puxa o brilho nas botas e dá um passo. Não fiques em casa, mais não seja pela artrose, inimiga insidiosa de quem não se mexe.

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