sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Silêncios pesados


Nutro pelo vice-almirante Gouveia e Melo (GM) um enorme respeito e, até, grande admiração. O que não me livra da perplexidade suscitada por questões relacionadas com a sua (gorada) nomeação para a chefia da Marinha. Não faltam análises, críticas ou abonatórias, a vários intervenientes directos no desenvolvimento do assunto, desenhando-se uma certa convergência nas apreciações às posições do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, do Ministro da Defesa e do Chefe de Estado Maior da Armada (CEMA) em exercício. Sinto, contudo, alguma falta de análise (incrível, com tantos “analistas” em campo...) sobre a posição do próprio GM, que parece arredado da questão. Na sua posição de militar assumido, não é de admirar o silêncio, nem outra coisa se esperaria dele. Mas qual a razão que leva ao “outro” silêncio, o dos comentadores, que não discutem o seu posicionamento neste caso? Todos parecem pensar que GM não sabia de nada do que se estava a passar. Não é natural pensar-se que GM estivesse a um passo da cadeira do CEMA sem, previamente, ter manifestado a sua aceitação do cargo. Se não foi enganado pela auto-suficiência do Governo quanto à certeza do almejado (?) cargo, resta-nos pensar que, de alguma forma, foi conivente. Ou então, haja quem nos esclareça.


Expresso - 09.10.2021


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