MANIFESTO DA VIDA

A verdade é que estou de consciência tranquila. Uns erros aqui e ali, umas precipitações. Nada de grave. No fundo, vou seguindo as pisadas de Nietzsche. Atiro a bola fora, como o Jim Morrison. Pouco a perder. Não tenho que ser um militante disciplinado. Nem sequer gosto de ordem, disciplina, chefes. Admiro Karl Marx mas jamais aderirei ao PCP. Sou um político errático. Bela definição. Sou libertário, como dizem. Gosto das mulheres. Não de todas, claro. Algumas vêm para aqui falar da "Casa dos Segredos". Completamente alienadas. Outras ouvem música foleira. Pai, Mãe, aos 50 anos, a minha vida, em certos aspectos, está a cumprir-se. No fundo, apesar de tudo, quase sempre tenho tido razão, mesmo não sendo racionalista. Escuto a vida. Escuto as conversas. Famílias. Baptizados. Que seca. Não, não sou do homem comum nem da mulher comum. Nasci diferente. Horários e patrões. Saí desse mundo. Libertei-me. Sou um homem livre. A maioria das conversas é, de facto, repetitiva, enervante. Contas, clientes, "Pingo Doce". Seca. Tédio. Eu vim para a ideia, para a paixão, para a criação, para o experimento permanente. No fundo, gozo com todos esses políticos e empresários, corruptos ou não corruptos. Gozo com os futeboleiros, com as vedetas mediáticas. Gozo com tudo. Ah!Ah!Ah! Contudo, ainda acredito no filósofo de Platão: justo, sábio, virtuoso. Ainda acredito na poesia e no amor. Ainda acredito sobretudo na liberdade livre. Para isso vim. Assim me completo. Com os meus companheiros, com as minhas companheiras do mundo inteiro, com os animais, com as plantas, com o planeta vivo. Assim já poderia partir mas vou continuar por mais uns tempos.

Vilar do Pinheiro, 4.5.2018