segunda-feira, 15 de julho de 2024

A NATO arrisca(-nos) muito



Somos todos frequentemente lembrados do teor do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, ao contrário do que nos acontece quanto ao artigo seguinte, o 6º. É bom parar para pensar, e a leitura do trabalho de José Pedro Teixeira Fernandes, publicado na edição do PÚBLICO do passado domingo, convida-nos a um salutar exercício de reflexão. A NATO, organização defensiva por definição, “faz” a guerra sem que algum dos seus membros a declare constitucionalmente. Como cidadão de um país integrante daquela Aliança, interrogo-me da racionalidade/legalidade destas actuações que, obviamente, põem em perigo todos os membros. Fazer a guerra a esmo, só porque, estrategicamente, isso convém aos EUA, que entendem que o “inimigo principal” é a Rússia, não me parece prudente, já não falando do paulatino e supremo menosprezo que se confere ao potencial bélico do oponente, que não é despiciendo. Putin será (e é…) um patife declarado que merece punição, e não só por ter invadido a Ucrânia. É razão suficiente para nos arvorarmos, sobretudo os europeus, em justiceiros globais, arriscando a nossa sobrevivência só porque a correlação de forças no mundo se alterou e os actuais (ainda) “patrões” pretendem manter o usufruto dos benefícios de que gozam? Nem na antiguidade um chefe militar eficaz se lançava na guerra sem avaliar as forças do inimigo, mas, neste nosso mundo, parece que o poder tolda as mentes. Um pouco de racionalidade calhava bem.


Público - 16.07.2024 (truncado da parte sublinhada).

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