“Zorra” é um termo insultuoso recorrente na língua espanhola para chamar putas às mulheres que não se submetem facilmente aos ditames de quem sobre elas tem, ou pretende ter, ascendente, e houve agora quem decidisse explorá-lo numa música que concorreu ao festival espanhol da canção, para apurar a concorrente à Eurovisão, e ganhou; no dia seguinte, aproveitando a presença do chefe do governo no estúdio da TV La Sexta, para uma entrevista em directo, o responsável do programa, António Garcia Ferreras perguntou-lhe, no final da conversa, qual a sua opinião acerca daquela música, cuja escolha estava a causar reacções negativas.
Depois de ouvir uma passagem daquele tema, Pedro Sánchez respondeu ao jornalista que o achava divertido e muito bem escolhido; quanto aos que não gostaram, decerto serão gente da “fachosfera”- termo abrangente criado há pouco pelo próprio Sánchez para classificar toda a direita unida contra ele - que nunca gosta de ver exposta a forma como olham e tratam as mulheres.
No dia seguinte, no programa do mesmo canal “Más Vale Tarde”, a comentadora convidada Lucia Mendes, do jornal El País, mostrou-se indignada com aquela apreciação de Sánchez, dizendo que tinha achado graça a um termo tão vulgarizado no insulto das mulheres, ao que a contradisse a jornalista da casa Ana Pastor - que estava ali para falar de um programa seu – fazendo do tema uma leitura contrária à de Lucia, que o seu objectivo é precisamente apostrofar o insulto, não elogiá-lo: “Se não faço sempre o que eles querem, zorra!; se me visto como gosto, zorra!; se quero saír para me divertir, zorra!”...
Amândio G. Martins
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