Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Mentirosos
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Figuras marcantes
Os programas dos estudiosos da Natureza nunca são aborrecidos, como as pessoas que realmente apreciam, conhecem e respeitam os animais e a Natureza, cuja paixão se nota nos mínimos gestos; lembro-me de ver na nossa televisão, há muitos anos, os documentários do naturalista espanhol Rodriguez de La Fuente, estudioso da fauna ibérica, de quem há muito tempo, até ontem, não ouvia falar, até que vi no canal três da televisão espanhola Atresmedia um programa que lhe foi dedicado, onde a bióloga Odile de La Fuente, sua filha, discorria sobre pormenores da vida do pai não conhecidos do grande público.
Tendo morrido muito novo, num acidente de avião no Alasca, em 1980, Félix Rodriguez de La Fuente deixou a mulher sem grandes recursos para criar as três filhas do casal, muito pequenas ainda, mas passado o momento de dor, e a confusão em que ficou transformada a casa, com gente de todo o lado a entrar e saír, segundo o que do momento guarda a filha, a mãe foi buscar forças não sabe bem aonde e depressa levantaram a cabeça, tocando a vida para a frente.
E foram crescendo com a figura do pai sempre presente, porque enquanto foi vivo dedicava à familia todo o tempo que podia, e que para todo o lado que depois fossem sempre lhe viam prestada uma homenagem; sabendo que o pai, natural da província de Burgos, só passou a frequentar a escola a partir dos 11 anos, crescendo até aí entre animais e Natureza, Odile lembrou que a maior parte das brincadeiras com ele envolviam esse tema, e que de cada vez que uma filha acertava o nome do animal cuja imagem lhe fosse apresentada, ganhava uma peseta...
Amândio G. Martins
terça-feira, 15 de outubro de 2024
MAUS EXEMPLOS
Perante o estado a que chegou o nosso planeta, a nossa casa comum, devido a tantos danos que lhe temos provocado, diretamente, ou através das alterações climáticas de que também somos responsáveis, se quisermos cá continuar, sobretudo os mais novos e os vindouros, deveríamos era andar com ele nas palminhas. No entanto, apesar de repetidos e terríveis avisos; secas, furacões, chuvas torrenciais, aumento da temperatura, degelo e outras alterações cujas consequências, dramáticas, mesmo algumas, o que é que vemos? Que estupidamente não temos emenda. Que tantas espécies já se finaram, e se continuarmos assim, seremos mais uma. Mas, devagar! Porque se fosse rapidamente, aí, parávamos.
Hoje não vou referir os grandes ataques, ou crimes, como a continuada e até aumentada utilização de combustíveis que geram gases com efeito de estufa, as grandes desmatações, as extensas monoculturas e plantações intensivas e super-intensivas que visam sobretudo o lucro e que empobrecem e esgotam os solos.
Hoje vou falar de outros mais pequenos maus exemplos, fruto da ignorância, da irresponsabilidade, da insensibilidade e da falta de civismo. A nível individual, mas também coletivo. Incluindo entidades oficiais e o próprio Estado.
Alguns exemplos aqui na região: nas bermas do troço ferroviário entre as estações de Roma/Areeiro e Campolide, sobretudo no sentido norte sul, há imenso lixo acumulado há muito tempo. Sobretudo garrafas e outros recipientes de plástico. Nas barreiras da auto-estrada do sul, mais junto e do lado da estação da Fertagus em Corroios onde existe uma zona de estacionamento explorada por esta empresa, idem. Supomos que a concessionária Brisa, de tempos a tempos, procede à desmatação. Os arbustos e erva crescida é cortada, mas o lixo, mais uma vez, muitas garrafas de água de plástico e não só, fica lá.
Aqui ficam, mais uma vez, os reparos à Infraestruturas de Portugal e à Brisa. O mesmo acontece com a lixeira junto à via rápida da Costa da Caparica. Fui lá de propósito na passada quarta-feira. Parte do lixo foi removido, mas muito ainda lá ficou. Sobretudo nas bermas da estrada de terra batida e junto das casas demolidas. Onde, mesmo assim, há gente que lá mora. O entulho ficou, assim como muito lixo.
Outro mau exemplo, mesmo no coração de Lisboa, é na Praça do Martim Moniz. Sobretudo nos espaços “ajardinados” laterais . É lixo por todo o lado e as águas dos lagos artificiais que poderiam até ter peixes, têm é também lixo e estão escuras e pútridas.
Claro que a nível nacional, casos destes, são mais que muitos. Por exemplo, nas bermas de estradas e caminhos secundários. A causa é sempre a mesma: a nossa triste falta de civismo. Nossa, que será uma minoria! Mas a maioria não se incomoda muito. Assim como as entidades referidas e tantas outras incluindo a principal representante do Estado: o Governo. Podia e devia fazer bem mais no campo da sensibilização, prevenção e penalização. Tem meios para isso. Quem perde é o ambiente, o planeta, todos nós.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
Arrastar na lama um nome prestigiado
ABUSO DE CONFIANÇA
“O leão deixa a pele quando morre
O homem deixa a sua reputação”
Disse isto quem disfarçou ser aldrabão
Crente que desdizê-lo ninguém pode.
Do que na finança havia mais nobre
Viu-se despojado na Revolução
Soube manobrar para a devolução
Com um poder de influência enorme.
O que ficou bem claro no caso BES
É que os seus herdeiros eram fraca rês
Tratando os depositantes com desdém;
E o então do país presidente
Mais uma vez ludibriou a gente
Dizendo que no BES tudo ia bem...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
O GRANDE CAPITAL APOIA ISRAEL E O SEU 1.º MINISTRO
A Inglaterra (através
do seu 1.º ministro, Chamberlain) e a França (através do seu presidente do
conselho, Daladie), reuniram-se no final de Setembro de 1938, em Munique, com
Hitler e Mussolini, assinando um acordo intitulado de paz, e que deu luz verde
para a Alemanha nazi iniciar a ocupação da Checoslováquia. O branqueamento de
Hitler efectuado pelo 1.º ministro britânico foi ao ponto de afirmar que Hitler
«é um homem em quem se pode confiar». Em França, Daladie, criou um ambiente
idêntico com o ilusório acordo de paz. Seis meses após a reunião de Munique, a
Alemanha nazi desencadeia a segunda guerra mundial.
O grande capital para
defender o que considera ser os seus interesses não hesita em branquear e apoiar
regimes e políticos de duvidosas ou falsas intenções democráticas e
humanitárias, de fomentar a corrida aos armamentos, ao militarismo, à
confrontação e guerra. Foi assim sempre
e tal é bem visível na actualidade, embora procurando iludir os povos com
declarações contraditórias de políticos responsáveis das principais potências
capitalistas, mas não pondo em causa os objectivos e estratégias definidos e
apoiados, nomeadamente, pelos norte-americanos, em que não existe qualquer
preocupação em dar resposta aos problemas e anseios da humanidade.
É neste contexto que
se insere a protecção e apoio que Israel e o seu 1.º ministro Netanyahu têm
usufruído dos E.U.A., U.E., Nato, G7, etc., para a guerra, o genocídio, os
massacres na Palestina com a matança de mais de 40 mil pessoas, incluindo
crianças e mulheres, os mais recentes ataques ao Líbano, o aumento da crescente
tensão no Médio Oriente, o confronto com a ONU e o desrespeito pelas suas
deliberações, fazendo parte duma política de guerra e confrontação nas relações
internacionais.
É assim cada vez mais
importante a mobilização e luta na defesa da paz, da soberania e direitos dos
povos.
UM JUSTO E OPORTUNO PRÉMIO NOBEL DA PAZ
O Comité Nobel da Paz, decidiu este ano atribuir O Prémio Nobel da Paz, à organização popular dos sobreviventes das bombas atómicas de Hiroxima e Nagasaki, Nihon Hidankyo.
Portanto, uma decisão muito justa e oportuna. Esta organização fundada em 1956, tem como principal objetivo, sensibilizar os Governos de todo o mundo e a própria humanidade, para a erradicação destas armas, cuja existência e quantidade, podem exterminar toda a vida no planeta. Imediatamente após aquelas explosões, morreram mais de cem mil pessoas. E muitas mais nos dias, semanas, meses e anos seguintes devido à maior ou menor exposição à radioatividade.
Aproveito para apresentar aqui aos amigos e amigas uma breve e rudimentar noção dos efeitos da deflagração de uma bomba atómica. Conforme matéria do Curso de Limitação de Avarias da Armada, que frequentei.
Os três principais efeitos são:
1º- Efeito destrutivo. Como qualquer bomba convencional.
2º- Efeito térmico. A deflagração/explosão, gera uma temperatura de milhares de graus centígrados que provoca a redução a pó de todos os seres vivos e outros materiais como a terra e a evaporação da água num raio, conforme a potência da bomba.
3º - Efeito radioativo. Como é lei da física, o ar quente torna-se mais leve e sobe. Ao subir, é substituído pelo mais frio/natural, que se encontra à volta, o que provoca um enorme remoinho. Depois, toda essa massa de ar radioativa, forma, como já devem saber, o denominado cogumelo atómico que irá espalhar-se levando a morte (ou doenças) a todos os seres vivos que morrerão tão rapidamente conforme o nível de radioatividade a que forem sujeitos e contaminando todos os materiais. Dizer ainda, que até praticamente aos dias de hoje, houve e há gente a sofrer de doenças cuja origem foi o contacto com alguma dessa radiação.
O “clube atómico” é formado pelos EUA, Rússia, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.
Acabar com ele, é imperioso. É tirar-se a espada de cima da cabeça da humanidade. É para isso que a Nihon Hidankyo trabalha e agora foi reconhecida mundialmente.
Francisco Ramalho
Muitos, muitos ainda não receberam o suplemento extraordinário(!). Porquê?
domingo, 13 de outubro de 2024
Quando o gesto desmente a palavra
CONTRADIÇÕES
Se as palavras vão numa direcção
E na oposta vai o pensamento
Qualquer observador que seja atento
Notará que não é boa a intenção.
Sem nenhuma lealdade na acção
Ilude incautos a todo momento
Porque o disfarçado procedimento
Tapa o modo de vida do aldrabão.
Quem procure entender o ser humano
Escapa mais facilmente ao engano
Prestando boa atenção aos seus gestos;
Quando contradizem o que o outro diz
Se há valores em causa torça-se o nariz
Antes que nada valham os protestos...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
BARACK Obama é um providencial norte-americano que cedo sentiu a necessidade de demonstrar isso mesmo, a todo o momento, já que não é branco e, ainda por cima, nasceu em Honolulu, no Havai.
Caso contrário, nem candidato poderia ser e, se o fosse, estava sujeito a um fim semelhante ao de Luther King. E, se por qualquer confusão dentro do eleitorado, fosse para a Casa Branca, o que o podia esperar era um fim semelhante ao dos irmãos Kennedy. Daí que uma das suas mais significativas cautelas, enquanto presidente, fosse uma arenga hipernacionalista que fez na Academia de West Point, em 2014, enaltecendo o ”excecionalismo americano” segundo o qual “os EUA têm direito de governar o mundo”, direito adquirido com a Guerra Fria.
Na sua versão, explicitada aos futuros oficiais das forças armadas do Tio Sam, “os EUA são e continuarão a ser a única nação indispensável”, o que levou, anos depois, um coronel português notável enquanto escritor e historiador, Carlos Matos Gomes, a considerar (in Medium.com) que, na Palestina ocupada, essa política é uma continuada guerra de extermínio”, um “lento genocídio” que alimenta o projeto de Israel num estado judaico , um estado racialmente puro, só para os judeus, dado serem únicos arianos da região.
Como eu não podia estar mais de acordo, também não vejo diferenças na política norte-americana praticada no Médio Oriente e noutras partes de mundo, com ou sem a NATO a servi-la.
A verdade, porém, é que o moreninho Barack, cristão protestante como tantos caçadores de índios de origem europeia, nem sempre se comportou como o mais nacionalista dos norte-americanos e até se dotou de um vice-presidente católico romano, Joe Biden, bem conhecido pela teia de interesses em que se meteu, sobretudo na Ucrânia, tal como Hunter, seu filho, encarregando-os de coordenar a política da Casa Branca para essas partes do planeta mergulhadas em guerras longas.
Confortado com esta realidade, o primeiro ministro Netanyahu, com a justiça à perna por vigarices várias e exibindo o seu desprezo pela ONU, a pontos de agora até declarar o seu secretário-geral, António Guterres, “persona non grata”, proibindo-o de entrar em Israel, e marimbando-se para o Direito Internacional, afirmou na cerimónia de posse do seu novo governo que “o povo de Israel tem o direito exclusivo e incondicional a todas partes das terras de Israel” - incluindo os Montes Golã (da Síria), bem como a Judeia e a Samaria (territórios da Cisjordânia palestiniana) – e garantiu que continuaria a instalar colonatos em terra palestiniana.
Também ao apresentar publicamente o último relatório submetido ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra, a relatora especial da ONU Francesca Albanese acusou Israel de haver “transformado os territórios palestinianos ocupados numa prisão a céu aberto, na qual os seus habitantes são permanentemente confinados, vigiados e punidos (…), considerados culpados de crimes não provados”, num processo de “encarceramento em massa”, além de submetidos a “bloqueios, muros, infraestruturas segregadas, postos de controlo e colonatos que cercam as suas cidades e vilas, centenas de autorizações burocráticas e uma teia de vigilância digital que empurram cada vez mais os palestinianos para uma continuidade carcerária, através de enclaves controlados”.
O que eles aprenderam com Hitler… E como gostam de o imitar!
Talvez seja de recordar que os EUA de Obama estão na Europa, na América Latina, no Médio Oriente e na Ásia com bases militares que servem para impor as suas “regras”, sendo que os dois partidos alternantes no poder dependem dos fundos provenientes da indústria bélica para financiarem as suas campanhas eleitorais. E são pressionados pelos fabricantes de armamento, sabendo Obama, tal como os seus antecessores e sucessores, que desafiar o a economia de guerra permanente significa ser-se rotulado de antipatriota.
Manda o tal “complexo militar industrial” e o resto são cantigas.
Contou o monstruoso e insigne Brzezinski, um governante americano ex-polaco, que os EUA investiram cinco a seis milhões de dólares a empurrar a URSS para o Afeganistão, revelando que o grande democrata James Carter assinou a primeira diretiva para ajuda secreta aos oponentes do governo de esquerda do Afeganistão, organizando, armando, doutrinando e financiado os talibãs e outros grupos terroristas formados em diversos países.
O resultado foi mais de um milhão de mortos e o hediondo retrocesso civilizacional a que estamos a assistir.
Neste momento as mulheres até já são proibidas de aprender a ler e escrever.
O prof. Daniel Bessener (Universidade da Washington) estudou os feitos mais marcantes do “século americano” e apurou que os EUA, durante a Guerra Fria, impuseram “modificações de regime no Irão, Guatemala, República Democrática do Congo, Guiana Britânica, Vietname do Sul, Bolívia, Brasil, Panamá, Indonésia, Síria e Chile, matando Lumumba e Allende.
Gabriel Rockhill, por sua vez, afirma que os EUA são o único país que, nos tempos recentes, “se esforçou para derrubar mais de 50 governos estrangeiros; estabeleceu uma agência de inteligência que matou pelo menos 6 milhões de pessoas nos primeiros 40 anos da sua existência; desenvolveu uma draconiana rede policial-vigilante para destruir quaisquer movimentos políticos domésticos que desafiassem o deu domínio; construiu um sistema de encarceramento em massa que tem detida uma percentagem da população maior do que qualquer outro país do mundo e que está inserido numa rede global de prisões secretas e regime de tortura.”
O historiador Paul Thomas Chamberlain calcula que pelo menos 20 milhões de indivíduos morreram em conflitos da Guerra Fria, o equivalente a 1 200 de mortes por dia, durante 45 anos”, cita o prof. António Avelãs Nunes em “Este É o Tempo dos Monstros”.
Acho que chega de estatísticas e de notícias de necrotério.
Fiquemos por aqui.
“O Massacre dos Inocentes”, segundo Rubens. Ordenado por quem? Por Herodes, um rei judeu ao serviço do Império Romano. Hoje, o que era mais certo era que ele se chamasse Netanyahu, visto que é o Sacro Império Romano-Americano que o atual mostrengo judeu está a servir. Embora nem sempre pareça…
Carlos Coutinho
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
a HABITAÇÃO não é uma mercadoria
A antiga seca do bacalhau, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, junto ao Cabedelo, transformou-se num grande conjunto habitacional.
JUSTIÇA DE CÁCA
Três miseráveis, com armadilhas de arame de aço, mataram seis lobos, no Parque Nacional da Peneda Gerês. Os animais morriam por asfixia, e um deles, dizem, foi morto à paulada.
Como se sabe, esta espécie se não está em vias de extinção, para lá caminha. Não sei mais pormenores, parece até que era a única alcateia na região.
Pois bem, estes energúmenos foram condenados com penas de prisão. Mas, vejam só, suspensa!
Mesmo assim, dizem que já foi uma condenação exemplar. Até aqui, a impunidade era quase total.
Que rica justiça para quem dizima espécies em vias de extinção! Alterando assim ecossistemas e a própria Natureza.
Francisco Ramalho
Da imparável maldade
FACÍNORAS
São incontáveis os crimes de guerra
Espezinhando leis reconhecidas
Passam por cima das Nações Unidas
Quem se bate pela paz desespera.
Os que sonharam uma nova era
Lembrando as desgraças ocorridas
Não vêem nenhumas regras cumpridas
O que podia ser bom degenera.
Ingoram que ao degradar se degradam
Sendo disso lembrados não abrandam
O que é uma programada ocupação;
Tudo tem de ser como eles querem
Não ouvem quem pede que se moderem
Nada lhes sensibiliza o coração...
Amândio G. Martins
No princípio era o Hamas
Agora já não é, passámos definitivamente de nível neste jogo hediondo em que Netanyahu nunca devia ter sido admitido. Não sabemos quem virá a seguir ao Hezbollah, actual inimigo mortal de Israel, se os Houthis, no Iémen, ou outra milícia qualquer, da Síria ou do Iraque, não falando do Irão, que é de outro calibre. Para Netanyahu, pouco importa, porque, ao que parece, ele descobriu a fórmula mágica para os exterminar: destrói toda a população e, com a maior naturalidade, dirigentes e militantes desses movimentos, mais mulheres, crianças, médicos, jornalistas e tutti quanti, irão na enxurrada, todos em direcção ao Inferno. Esta simplicidade de processos tem um custo evidente: semeia o ódio que adubará, no futuro, a repulsa dos vizinhos para com Israel, que, é bom lembrar, deveria ter direito a viver na região, mas com serenidade. Poderemos discutir sempre o “pecado original” com que o estado de Israel foi concebido, mas, passadas oito décadas, já deveria ser impossível cair nestas práticas próprias de um Hitler. Arafat ainda o quis, mas Israel nunca ajudou. E bem que o podia ter feito.
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
Quando a mais do que mediocridade descredibiliza os jornalistas
Não temos melhor(es)?
O Expresso de 4/10 desvenda-nos o indisfarçável desalento da provedora de Justiça Europeia, Emily O’Reilly, em final de mandato, no que respeita à falta de transparência da Comissão Europeia, ao perigo das portas giratórias tão tentadoras para diversos comissários, e até de má administração do executivo. Quer isto dizer que, não obstante as chorudas remunerações que auferem, os dirigentes da União Europeia, estarão a ser pouco zelosos no cumprimento das suas funções, em manifesto prejuízo dos interesses do comum dos europeus?
Está agora a Comissão Europeia a preparar o próximo quadro financeiro plurianual, e já se vai sabendo que este dissimula um relaxamento na Política de Coesão, cujo futuro poderá estar em risco, pelo menos na opinião que Vasco Cordeiro, presidente do Comité das Regiões, confiou ao “Público”. A Comissão Europeia, naturalmente, é composta de pessoas, e, como tal, falível e imperfeita. Mas será que não é possível encontrar melhores para o desempenho de cargos com tantos poderes? Ir a correr/voar, ao som da primeira sirene em Kiev ou Telavive, não chega. Os cidadãos europeus exigem mais e melhor.
Expresso - 11.10.2024
terça-feira, 8 de outubro de 2024
FINALMENTE TIRARAM A MÁSCARA
A grave situação que se verifica no Médio Oriente tem origem no comportamento de Israel em relação ao povo palestiniano que durante décadas tem agredido, prendido, humilhado e ocupado as suas terras com colonatos. Roubando assim a sua subsistência e o direito de viver em paz e liberdade. Tal comportamento, naturalmente, provoca justificada resistência mas também ódios e desejos de vingança, cuja última manifestação foi o ataque de 7 de outubro de 2023 que provocou um elevado número de mortos e reféns israelitas.
Condenável, evidentemente!Mas não será devido ao referido comportamento que não respeita nada nem ninguém? Incluindo dezenas de resolução da ONU. E que dizer da resposta? Do brutal genocídio que em menos de um ano, já provocou, só na Faixa de Gaza, 40.000 mortos e 92.000 feridos. Sendo a maioria mulheres e, sobretudo, crianças.
Com o seu poderio bélico que, como se sabe, inclui armas nucleares, os sucessivos Governos de Israel, sobretudo este último, sempre rejeitaram uma natural e sã convivência com os seus vizinhos. E nunca admitiram, à Palestina, um Estado independente e soberano conforme resolução da ONU.
É também conhecida a responsabilidade dos EUA. Para além do apoio militar, nunca condenaram o comportamento despótico e desrespeitador das normas da ONU e do direito internacional de Israel.
Em relação à Palestina, mas também a outros Estados; Síria, Irão, Líbano.
Agora, além de declararem o nosso compatriota António Guterres persona non grata por se ter limitado a cumprir a sua função de secretário-geral da ONU, a última façanha (acabo de ouvir na Antena1, sexta-feira de manhã) que bombardearam a estrada que liga o Líbano à Síria. Encurralando assim, sadicamente, milhares de cidadãos que fogem dos bombardeamentos, especialmente a Beirute. Como noutras ações semelhantes ou piores, trata-se de puro terrorismo de Estado.
O seu grande aliado do outro lado do Atlântico, em relação à criação dos dois Estados, até se tem dito favorável mas sem nunca dar passos concretos nesse sentido acompanhando tantos outros Estados. E mesmo em relação a outros crimes e desmandos de Israel, como a criação de colonatos, nunca propriamente foi ao ponto de os apoiar publicamente. Mas agora, depois da resposta do Irão a todas estas agressões e crimes, incluindo destacadas personalidades do seu país e em território iraniano, Joe Biden e Kamala Harris, tiraram finalmente a máscara e reiteraram com toda a veemência o seu apoio incondicional ao Governo de Natanyahu. Trump, não necessitou de a tirar porque nunca a usou. Sempre declarou esse apoio incondicional acrescentando até que o Governo de Israel é que determina o seu comportamento e o dos EUA, só tem de o apoiar.
À semelhança de outras organizações pelo mundo fora, faz bem o Conselho Português para a Paz e Cooperação, organizar uma jornada nacional de solidariedade com o povo palestiniano e pela paz no Médio Oriente de 2 a 12 de Outubro em vários pontos do país. Em Lisboa será dia 12.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
Dos engrimanços da liberdade
LIVRE ARBÍTRIO
É-nos intrínseco o livre arbítrio
Mas sempre controlam como o usamos
E se esse controlo não aceitamos
Não faltará quem nos queira em suplício.
Mesmo fazendo bem desde o princípio
Pode acontecer de nos descuidarmos
E se não há com que nos apoiarmos
Há logo quem queira ter benefício.
A falsidade está por todo o lado
Ninguém pode andar despreocupado
Pensando que tem como dela escapar;
Quando o desonesto procura um alvo
Ninguém pode pensar estar a salvo
Sendo mais seguro não se descuidar...
Amândio G. Martins
domingo, 6 de outubro de 2024
VORAGEM DOS DIAS
O ALERTA ESQUECIDO DE EINSTEIN E HANNAH ARENDT
Depois de meses a ser desafiado, o Irão atacou alvos militares em Israel. A resposta de Telavive pode iniciar uma reação bélica em cadeia. Como chegámos a este absurdo de parte do nosso futuro coletivo depender de uma figura tão hedionda como Netanyahu?
Em 04 12 1948, o New York Times publicou uma Carta aos Editores assinada por 27 personalidades judaicas de relevo, incluindo o físico Albert Einstein e a filósofa
Hannah Arendt. Desde 1947 que a violência entre árabes e judeus marcava o cenário político na
Palestina. Os subscritores da carta, muitos deles cidadãos dos EUA, escreveram, não para apoiar Israel, independente desde 14 de maio desse ano, mas para lançar um alerta em relação a uma visita considerada perigosa para o mundo inteiro: Menachem Begin (1913-1992). O teor dessa missiva, ignorado como as
profecias de Cassandra, explica-nos como foram
criminosas as décadas de cumplicidade dos EUA e da Europa com os abusos de Israel. Do apartheid passámos ao genocídio, e agora a uma possível conflagração global.
Os autores da carta denunciavam a visita de Begin aos EUA, pouco antes das primeiras eleições israelitas (25
01 1949). Para os subscritores, o passado “fascista” de Begin estava a ser branqueado, enganando todos aqueles que até 1945 tinham travado uma longa guerra
contra o nazi-fascismo. A carta recorda que o Partido da Liberdade (Tnuat Haherut) de Begin é “muito semelhante, na sua organização, métodos, filosofia política e apelo social, aos partidos nazi e fascista.” Begin formara em 1943 uma organização terrorista contra a administração britânica na Palestina, o Irgun, que em 1946 fez explodir o Hotel Rei David em Jerusalém, matando 91 pessoas. Prossegue a carta: “as declarações públicas do partido de Begin (…) hoje
falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo,
quando até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina do Estado fascista.” Exemplificam com o massacre, em 9 de abril desse ano, da aldeia árabe de Deir Yassin. Quase todos os 240 habitantes foram assassinados. Com orgulho, os terroristas do Irgun convidaram os correspondentes estrangeiros a fotografar os cadáveres nos destroços da aldeia,
enquanto os “sobreviventes desfilaram como cativos pelas ruas de Jerusalém”. O partido de Begin é ainda acusado de “no seio da comunidade judaica pregar uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial.”
Corretamente, a carta define o fascismo e o nazismo pelo método e não pela etnia. Confirmam que a organização política de Begin tem “a marca inconfundível de um partido fascista para o qual o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos) e a deturpação são meios, e um ‘Estado Líder’ é o objetivo.”
Nas eleições de 1949, o partido de Begin teria apenas 14 dos 120 assentos do Knesset. Só em 1977, depois de oito eleições consecutivas, Begin e o seu novo partido, Likud, (onde hoje campeia Netanyahu) chegariam ao poder, quebrando três décadas de hegemonia trabalhista. Foi com Begin que se aceleraram os colonatos em Gaza e na Cisjordânia, tendo também sido ele o primeiro a invadir o Líbano, em 1982. Mas o pesadelo, vaticinado na carta dos
judeus antifascistas de 1948, só atingiria a plenitude com Netanyahu, ainda mais brutal que Begin. O atual PM israelita desempenhou o cargo, intermitentemente, durante quase 20 anos, sempre pronto a aliar-se a
formações ainda mais racistas e fanáticas do que o Likud. O canal Al Jazzera publicou em abril um trabalho com vídeos colocados nas redes sociais por soldados
israelitas. É doloroso visionar a alienante bestialidade em que homens e mulheres comuns (o IDF é um exército de cidadãos) se deixaram afundar, intoxicados no ódio racial. A fúria homicida de Netanyahu, cuja raiz foi denunciada na carta de Einstein e Arendt em 1948, hipnotizou o Congresso dos EUA, esse gigante sem cabeça, colocando ao serviço da sua pulsão de morte todo o poderio militar de Washington e a servil cumplicidade da UE.
Viriato Soromenho-Marques, 5 Outubro/24
sábado, 5 de outubro de 2024
O OE25 chumbado é catástrofe... para quem?
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
Parada e resposta
No momento em que escrevo esta carta, aguardo com ansiedade a contraproposta do PS à contraproposta (irrecusável) do Governo. Com maior ansiedade, aguardo ainda a reacção de Israel à reacção do Irão. Por muito importantes que sejam, não vou perorar aqui sobre aqueles dois temas. Interessa-me mais, de momento, assinalar uma espécie de paralelo entre dois artigos do PÚBLICO, o primeiro, em 2/10, da autoria de Maria João Marques (M.J.M.), e o segundo, no dia seguinte, de Manuel Carvalho (M.C.). O tom de M.C. não possui o acinte destilado por M.J.M., mas nenhum dos autores esconde alguma animosidade relativamente a Pedro Nuno Santos (P.N.S.).
Ao contrário de M.C., não deixaria de considerar uma evidente quebra de princípios se o PS contemporizasse, ainda que em nome da governabilidade do país (que, na opinião de muitos, não ficará beliscada, caso tenhamos de viver em duodécimos), com as “exigências” de abaixamento do IRC e, sobretudo, da aplicação das regras que o PSD entendia no tocante ao IRS Jovem. Não acompanho M.C. na ideia de que seria um acto de “humildade democrática” P.N.S. propor-se aguardar até ser Governo para corrigir os erros de outros. Antes me parece que seria uma entorse na verticalidade do seu partido.
Público - 06.10.2024
Montenegro sem tirar nem pôr
O espantoso espectáculo que o primeiro-ministro deu no Parlamento, esgrimindo lealdade perante um adversário político, ao mesmo tempo que demonstrava todo o contrário do que pressupõe lealdade, mostrou um Montenegro igual a si próprio, na sua estafada dialética de demagogo barato, a que o seu característico sotaque de cana-rachada dá ainda mais realce; e ficou claro que a prometida proposta que não podia ser recusada não era mais que um arremedo do estilo mafioso de “Dom Vito Corleone”, interpretado por Marlon Brando, no célebre filme “O Padrinho”.
E se Pedro Nuno conseguir resistir às tais pressões, e mantiver a firmeza prometida na defesa dos princípios, terá prestado à regeneração da política um meritório serviço, e feito uma rara demonstração de que não vale tudo na procura de poder, até porque já há estudos de entidades insuspeitas e suficientemente credíveis que demonstram que o que defende é muito mais do que um mero capricho para criar problemas à governação de Direita...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
A República Portuguesa merece melhor presidente
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
Questões sobre o IRS jovem
Onde há muita gente nestas condições é precisamente à volta dos ministérios ( os denominados boys)
terça-feira, 1 de outubro de 2024
54 anos de luta da CGTP-Intersindical Nacional
À luz da experiência e da luta dos trabalhadores em 1 de Outubro de 1970 é criada a Intersindical. Em 25 de Abril de 1974 aparece a Intersindical como polo dinamizador e coordenador dum forte e unido movimento sindical, assumiu a responsabilidade de organizar as primeiras comemorações em liberdade do 1.º de Maio e consegue que o Dia Mundial do Trabalhador seja feriado nacional.
Em 2024, são 54 anos de luta constante pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores portugueses, pela democracia, pelas liberdades, por um futuro melhor e de paz. Luta que assumiu hoje na concertação social, ao considerar que não existe uma suficiente e necessária valorização do salário mínimo e do salário médio, são agravadas as desigualdades, não são eliminadas as normas gravosas da legislação laboral, nomeadamente a caducidade da contratação colectiva e o tratamento mais favorável, e que por via dos impostos corresponde aos interesses dos grupos económicos e financeiros e ao aumento dos seus lucros em prejuízo dos interesses e condições de vida da população, dos trabalhadores e reformados.
GRANDES FARSAS
Assistimos a duas farsas. Uma, velha de décadas, é a da discussão sobre o Orçamento de Estado. Os principais protagonistas, PS e PSD, como de costume, acusam-se mutuamente de não colaboração para se conseguir um bom orçamento. E consideram as suas propostas, é claro, as melhores. Na realidade, fora alguns pormenores, as diferenças são poucas ou nenhumas.
Importante, para ambos, são as consequências e os dividendos. Daí o malabarismo em torno desta questão efetivamente essencial para o país. E o cálculo até a possíveis eleições antecipadas, caso o documento não seja aprovado.
O resultado, seja aprovado agora ou depois, desde que com os mesmos protagonistas, é sempre o mesmo: ganhos para as grandes empresas, banca e grupos económicos, e as habituais dificuldades para os trabalhadores, reformados e povo em geral.
Portanto, enquanto conseguirem manipular o povo com a comunicação social daqueles que habitualmente ganham com o OE, este, será mais ou menos sempre igual. Só com esclarecimento e luta persistente, levará a alterar-se o sentido de voto e as forças mais consequentes da oposição, com destaque para a CDU, será aprovado um OE que beneficie o povo e o país.
A outra grande farsa com consequências muito piores, dramáticas e criminosas, é o que se passa no Médio Oriente. Mais concretamente, na Palestina. Faixa de Gaza, Cisjordânia e agora também no Líbano.
Depois de arrasarem a Palestina, provocando dezenas de milhar de mortos e muitos mais feridos e deslocados, agora viraram-se de novo para o Líbano pondo-o também a ferro e fogo para também ali imporem o seu domínio.
Mas todos estes crimes que o próprio Secretário--Geral da ONU, diz querer pôr termo com um cessar-fogo que nunca conseguiu impor, e que o presidente dos EUA, diz também lamentar, continuam.
Esta farsa, bem mais grave, criminosa e perigosa para a paz naquela região e no mundo, é mais descarada quando o próprio presidente e o governo da super potência (EUA) ao mesmo tempo que falam em cessar-fogo, continuam a armar e a dar todo o apoio diplomático com a hipócrita justificação de que “Israel tem todo o direito de se defender”. Claro que tem! Como qualquer outro país ! E tem o direito de esmagar os vizinhos, de potencialmente provocar centenas de milhar de mortos e feridos e milhões de refugiados? De violar as regras das Nações Unidas, o direito internacional e os mais básicos direitos, incluindo o da vida, de outros povos?
Lamentar a passividade de outros, nomeadamente da União Europeia, que não se impõe perante esta criminosa farsa que avaliza a lei da selva, colocando em perigo a paz mundial porque nem todos os países, e bem, se subordinam a ela.
Num tempo em que a hipocrisia e a irresponsabilidade estão patentes ao mais alto nível, num tempo de armas tão sofisticadas incluindo a definitiva (nuclear), é imperioso que a opinião pública, em nome da vida, exija aos governantes que assumam as responsabilidades de terminarem com os conflitos diplomaticamente e não fomentem outros.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
Três mil calhaus
Tendo as entidades respectivas reiteradamente confirmado, no que à população imigrante diz respeito:
1- Que não estão envolvidos no aumento de nenhum tipo de criminalidade;
2- Que não ocupam postos de trabalho em prejuízo de portugueses;
3- Que não há imigrantes em excesso, sendo preciso contratar mais.
De facto, atestam-no as autoridades de segurança interna, no primeiro ponto; os empresários que empregam imigrantes, no segundo; os mesmos empresários e os estudiosos da ciência económica, no terceiro, deixando claro, no dois últimos pontos, que fazem trabalhos que os portugueses rejeitam, que sem eles a economia colapsava em vários sectores, e que são precisos mais imigrantes para que o país possa crescer e desenvolver-se.
Assim, o número que o líder racista e chenófobo afirmou terem-no seguido, naquela arruaça de domingo em Lisboa, a ser verdadeiro, nunca podia ter sido constituído por gente esclarecida e consciente do que anda a fazer, porque não passariam, simplesmente, de três mil calhaus, que penso ser o qualificativo que mais se ajusta a quem ainda dá ouvidos às falsidades do tal Ventura, que adoptou a regra daquele seu ideólogo nazi, que defendia que uma mentira muitas vezes repetida ganhava foros de verdade...
Amândio G. Martins