segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Chaminés Algarvias

Em conversas com amigos, reiteradamente ouço que viajar é inevitável, por proporcionar emoções e experiências. De facto, conviver com novos destinos transforma a alma num rito de passagem, pois, em cada sítio visitado, esperamos uma surpresa agradável que poderá provocar em nós a imagem da leveza, talvez um sol de cor e rotação diferente para uma pessoa que já não é a mesma desde o ponto de partida. Nesta vida de turista, há diversos sentimentos vividos que revelam formas embutidas no imaginário.      

Com uma sensação agradável, não posso ignorar as protagonistas principais destas linhas: as típicas chaminés que simbolizam uma riqueza artística e cultural algarvia imensurável. Elas são uma presença constante nas fotografias deste viajante que, um dia, foi residente em Faro para aperfeiçoamento na Universidade do Algarve. Aqui relembro o primeiro contacto com a chaminé algarvia, um momento de calmaria que marcou o meu olhar. Esse símbolo ofertou beleza aos meus olhos e está no prédio da Escola Básica Ria Formosa, localizada na Praça dos Bombeiros, em Faro. Da varanda do apartamento no sétimo andar que foi a minha primeira morada, por vezes ela foi notada – houve vários momentos difíceis de descrever o que senti, mas confesso que fui seduzido. 

A partir desse primeiro contacto, passei a observar outros factores nas viagens entre o Guadiana e Sagres. Nas fotografias produzidas em cada itinerário, as chaminés surgem como desenhos de capas de livros, cenários de beleza própria que albergam valores vividos e envolvidos pelas minhas emoções em suas formas amarradas a uma geografia de recônditos mistérios. Ciente de uma tradição profundamente enraizada na paisagem cultural algarvia, esse património de toda a gente alcançou além-fronteiras. 

 Nas deslocações pelo Algarve, jamais me privei de depositar o olhar e a lente da câmara fotográfica ou do telemóvel nas tradicionais chaminés, mas nunca me atrevi a escrever sobre esse símbolo de arte marcante até aos dias de hoje. Ousei, mas não encontro um vocabulário para concluir, devido à inexistência de palavras para tamanha ousadia; por conseguinte, apenas pontuo que essas chaminés são inolvidáveis diante da relevância estética na espreitadela de quem visita este destino turístico internacional.

Fonte: SANTOS, J. C. V. JORNAL A VOZ DE LOULÉ, ANO 71º,  N.º 2042.

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