O PROMETIDO MUNDO NOVO
Com o desmoronamento da URSS e regimes análogos do leste da Europa, os
beneficiários do capitalismo, “sem a ameaça do comunismo”,
prometeram-nos um mundo novo. E melhor, claro! Depois, foi o que se
viu. Guerras; Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria,
Líbano, Ucrânia e o genocídio em Gaza. Todas com participação
direta ou indireta do mentor e principal beneficiário dos despojos
(controlo geoestratégico e matérias-primas), os EUA, concentração
do capital e aumento das assimetrias sociais e regionais.
Mas o que melhor
define o carácter dos que tutelam o imperialismo norte-americano e
os seus aliados, é o cobarde e cruel genocídio na Faixa de Gaza que
dura há mais de ano, que só tem paralelo com o holocausto nazi e
que, para além da destruição quase total dos edifícios e
infraestruturas, já causou mais cerca de 50 mil mortos e muitos
mais feridos e estropiados. Mesmo agora depois do anunciado
cessar-fogo, continuaram os bombardeamentos onde as pessoas já
celebravam a mais que desejada e merecida paz, causando mais mortos
(60) e feridos.
Na altura que
escrevo, sexta-feira à tarde, o referido cessar-fogo, ainda não foi
ratificado pelo Executivo da potência agressora, Israel. E mesmo que
seja, será por quanto tempo? E a paz? A paz definitiva. Alguém
acredita nela com esta gente a liderar aquele país, os que os
apoiam, os EUA e os que indignamente nem tugem nem mugem, a UE? Sim,
porque a paz definitiva, presumiria a existência de dois Estados, as
reparações de guerra, a devolução dos colonatos em Gaza e na
Cisjordânia à Palestina e a condenação dos responsáveis
sionistas pelos muitos e mais que confirmados crimes de guerra. Quem
acredita nisso com gente desta estatura política e moral no poder em
Israel e, sobretudo, nos EUA?
Portanto, é este o
mundo que os beneficiário do capitalismo, os que estavam e estão no
poder, cá deste lado do mundo, no ocidente. Aliás, tão bem
definidos agora, por um deles! O cessante inquilino da Casa Branca,
Joe Biden, ao afirmar que o seu país está nas mãos de uma
oligarquia com o dinheiro e o poder cada vez mais concentrados e a
imprensa livre a desaparecer, ficando assim, a própria democracia em
causa. E é verdade! Além da imprensa que está quase controlada
pela referida oligarquia, está também essa que é a sua grande
concorrente, a Internet. Mais concretamente, as suas redes
sociais.
Mas Biden podia ter
dito mais! Compreende-se que não o tenha feito, devido à sua
responsabilidade e do governo que liderou no apoio à critica
situação no Médio Oriente, Líbano, Síria e o vergonhoso
genocídio na Faixa de Gaza. E também não falou, na cumplicidade do
seu país no golpe de 2014 em Kiev que foi a base e deu origem à
atual guerra contra a Rússia, por interposto país, a Ucrânia.
É este, afinal, o
tal mundo que o denominado “mundo livre” nos prometeu. E que
urge, os povos mudarem. Onde a luta pela paz é absolutamente
indispensável.
Com certeza, no
passado sábado, teve uma bela demonstração em Lisboa.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE