segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

A cara guarda-lhes as costas

 

Retive da minha avó materna, que morreu velhinha, em meados do século passado, algumas frases com que ainda a recordo porque, apesar de então ser muito miúdo, me pareciam incongruentes umas e injustas outras como, “filho de burro sai cavalo”, que a mim me parecia um “upgrade”, mas que era dita para desqualificar alguém que se portava pior que o ascendente que o educou, que também não era flor que se cheirasse; outra que recordo com frequência, e vai em título, “a cara guarda-lhe as costas”, quando surgia alguém estranho ao meio e cuja figura lhe não caía bem, que já então me parecia um bocado injusta, porque há muita gente mal-encarada que nem por isso são más pessoas, bem pelo contrário, há muito bonitas estampas que são do piorio.

 

Vem isto a propósito daquela tenebrosa “elite” que a maldade e a frustração nacional sintetizaram em cinquenta elementos no Parlamento, que parece terem ficado indignados por um dos seus se ter desleixado, deixando-se apanhar a levar para casa malas alheias surripiadas nos aeroportos, como se os rostos mais sonantes da banda não estivessem quase todos imputados pelos mais diversos atentados à cidadania, sendo que o actual líder parlamentar está acusado de ter agredido um rapaz numa competição desportiva, e defende que as polícias deveriam poder disparar à vontade, todo ele uma figura  obscena, dos pés à cabeça...

 

Amândio G. Martins

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