sexta-feira, 20 de setembro de 2024

O último a saber



Em casos de infidelidade, toda a gente menos o traído sabe do que se passa. Isto aplica-se nos adultérios dos casais, mas também nas alianças entre estados soberanos, como parece ter sido agora o caso de os EUA virem dizer que não tinham conhecimento dos mais recentes (e inventivos, apesar de inegavelmente traiçoeiros) planos israelitas de ataque ao Hezbollah, através de pagers e de walkie-talkies. É evidente que a comunidade internacional - com excepção dos costumeiros canonizadores da arte e do engenho israelitas - não pode vir a terreiro “lavar a cara” de Israel, insistindo na “tecla” do inatacável direito à defesa dos 60 mil desalojados do norte do país, fustigados pelos bombardeamentos vindos do Líbano. Logo, a saída mais fácil, a fazer lembrar os miúdos que são apanhados com a mão dentro do frasco das bolachas, é dizer-se que não se sabia. Mas custa a crer, o que não invalida o carácter de maldade e falsidade que já ninguém consegue descolar da personalidade de Netanyahu, ele mesmo capaz de invocar toda a legitimidade para, impunemente, destruir as casas de quase dois milhões de palestinianos na faixa de Gaza.

Público - 21.09.2024

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