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quarta-feira, 23 de maio de 2018

Ganhar é preciso


Tocado pela avidez de dinheiro e de poder dos tempos correntes, o desporto competitivo, maxime futebol, transformou o jogo leal, límpido e aberto num caldo pútrido em que a lúdica medição de forças passou para segundo plano, suplantada que foi pela conquista das benesses e prebendas associadas. 

Com sentidos díspares, desde Pompeu a Caetano Veloso, e passando por Fernando Pessoa, proclamou-se que “viver não é preciso”. O importante é vencer o “inimigo” e arrebanhar o respectivo prémio. O adversário, agora inimigo, não é o complemento do jogo, é apenas o “insecto” a esmagar, a sua existência só serve para satisfazer o nosso ego triunfante. Estes “ganhadores”, incapazes de compreender que sem adversários não há vitória, tão pequeninos na sua “grandeza”, não se dão conta de que, como escreveu Vítor Hugo, n’Os Miseráveis, “não há nada tão estúpido como vencer; a verdadeira glória consiste em convencer”. Coitados, não convencem ninguém.

JN - 01.06.2018 - com o título alterado para "Não há nada tão estúpido como vencer" e truncado da parte sublinhada.

Expresso - 02.06.2018 - publicado na íntegra.