sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

o centenário de CARLOS PAREDES

    

Carlos Paredes nasceu a 16 de Fevereiro de 1925, em Coimbra e morreu em 23 de Julho de 2004, em Lisboa.

Carlos Paredes começou a tocar guitarra aos 4 anos, naturalmente por influência de seu pai, o guitarrista Artur Paredes, grande mestre da guitarra de Coimbra. A sua família mudou-se para Lisboa, quando ele tinha 9 anos, onde concluiu a instrução primária e frequentou o liceu e o Instituto Superior Técnico. Em 1949 foi admitido como funcionário administrativo do Hospital de S. José, que foi a sua profissão durante toda a vida.

Filiou-se no Partido Comunista Português (PCP) em 1958, tendo sido preso, e antes de ir a julgamento passou 15 meses no Aljube e em Caxias, sendo depois condenado a 20 meses de prisão, 3 anos de suspensão de direitos políticos e expulso da função pública. Só após o 25 de Abril de 1974 seria reintegrado como funcionário no Hospital de S. José.

Um texto que escreveu, sobre o espectáculo e concerto que organizou para a Festa do Avante de 1977, «Escola e mestres que o povo criou», espelha a sua sensibilidade social, cultural e política: «Entre nós, na maior parte do País, empobrecido, o povo trabalhador, quando quer divertir-se, tem de inventar e construir, à custa da sua imaginação e dos seus braços, as diferentes formas de o fazer. Não há muito quem lhes queira preparar e exibir mesmo a troco do dinheiro que ele não possui. Daí que divertimento signifique, entre gente simples, associar a alegria ao trabalho, à criação, à inteligência, à experiência profissional, às vivas tradições populares. Isto basta para que a festa, no seu pleno sentido popular, seja como um vastíssimo ponto de encontro dos trabalhadores com a cultura por eles próprios criada ou adoptada». 

Carlos Paredes foi um dos mais importantes instrumentistas de guitarra e criadores do século XX. A sua criação e interpretação influencia e é um modelo para muitos guitarristas, bem como é importante no ensino especializado da guitarra portuguesa. Criou música para teatro, dança e cinema com impacto artístico, destacando-se a composição para o filme «Verdes Anos» de Paulo Rocha, em 1963.

Carlos Paredes teve uma presença assídua na Festa do Avante, em outros espectáculos e convívios do PCP, colectividades e encontros de trabalhadores, ao mesmo tempo que actuava nas grandes salas mundiais de espectáculo. Apresentava-se como um comum funcionário público e recusando tentativas de o rotular como génio. A sua participação e militância activa no PCP foi permanente enquanto viveu. Entre as várias iniciativas comemorativas do centenário de Carlos Paredes, o PCP também organiza algumas sobre o lema «O Povo e uma Guitarra».

 

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