Chama-se “beladona” e brota por aqui com facilidade, ao aproximar-se o Outono, em qualquer socalco ou margem de caminho; trata-se duma flor rosada à qual, talvez por se impor com abundância, pouca gente por cá lhe dá grande valor, porque as vejo definhar e desaparecer sem que ninguém as colha; também as temos aqui em frente à porta, lembrança de minha mãe, que há muitos anos trouxe para aqui o “rizoma” e aquilo, uma vez enterrado, nunca mais desaparece.
Começa por surgir na Primavera uma ramagem farfalhuda, verde escuro, que acaba por secar no verão, voltando no fim de agosto, da noite para o dia, numa haste longa rosada, sem uma única folha, na ponta da qual se abre a tal flor rosa, com apenas seis pétalas cada uma, também compridas; quando ainda era puto, mas já trabalhava em Lisboa, vi um dia a “velhota” que me alugava o quarto entrar em casa, muito vaidosa, com uma “manada” dessas flores e perguntei-lhe para que era aquilo, tendo-me respondido, no seu modo meio desabrido, se eu não sabia para que servem as flores, que eram “belas donas”, e as tinha comprado bem caras, para pôr na jarra da mesa da sala. Ui, D. Irene - desanimei-a eu - na minha terra há disso aos pontapés e ninguém lhes dá importância, ao que ela respondeu que devia estar enganado, que aquilo era uma flor de muita “estimação”...
Amândio G. Martins
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