sexta-feira, 19 de maio de 2023

Ao nível do chão

 

 

A campanha eleitoral para as municipais e autonómicas em Espanha atingiu o mais inconcebível e rasteiro nível, com a actual presidente da Comunidade de Madrid a marcar o ritmo; esta senhora, que tem aspirações ao palácio da Moncloa e já correu da liderança do partido Pablo Casado, marca agora o passo a Feijóo, que não se atreve a contradizê-la, por maiores que sejam as bacoradas que diariamente lhe saem sem freio pela boca fora.

 

Há dias dizia que “la justicia social es un invento de la izquierda para promover el rencor, la envídia y la luta de clases y normaliza delitos como la okupación; si a alguién lle va bién hay que castigarlo, hay que expropiarlo”.

Agora propõe que se ilegalize o partido vasco EhBildu, basicamente constituído por gente que foi da Eta, sabendo que esta organização terrorista pôs fim à luta armada em 2011 e passou à luta política legal, actualmente com deputados eleitos no Congresso nacional, acerca do que até Aznar afirmou preferir vê-los ocupar um lugar no Parlamento do que de metralhadora na mão.

 

É verdade que o coordenador de Bildu, Arnaldo Otegui, esticou agora a corda, ao propor para autarquias onde foram cometidos assassinatos os autores desses actos, o que, tratando-se embora de gente que hoje goza de todos os direitos cívicos, depois de cumprirem pesadas penas, foi vista como uma provocação às famílias das vítimas, tendo já levado esses candidatos ao compromisso de que se forem eleitos renunciarão imediatamente aos cargos.

 

Mas como à Direita dita moderada, como se autodefinem os populares, falharam até agora todas as previsões catastróficas que vinham fazendo da governação de Sánchez - tal como cá mais ou menos foi acontecendo - com a inflacção abaixo dos 4%, a energia a preços de antes da guerra, o emprego a subir, a economia a crescer, ao partido de Feijóo não resta muito por onde pegar, e então agarram-se ao papão da Eta, aproveitando aquela imprudência de Otegui, só porque Pedro Sánchez tem contado com eles em muitas votações...

 

 

Amândio G. Martins

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