Tanta discussão sobre a luta antitabágica e as medidas que se anunciam, venham ou não a ser decididas, começa a fazer perigar a saúde pública por asfixia mental. Tenho ouvido falar de uma quantidade inacreditável, a chegar a alguns milhares, de aditivos que entram na composição dos odiosos cigarros, para lhes conferirem um carácter de dependência que se agarre aos consumidores. Também tenho ouvido de tudo no sentido de defender a saúde pública do fumo do tabaco, já de si tão “normalmente” atacada pelos vícios “tolerados”, venham do álcool, das gorduras, dos açúcares ou dos sais, não falando dos que ferem o ambiente que a todos nos envolve. Proíbe-se aqui, restringe-se acolá, sempre com o fumador na mira, mas nada contra a indústria tabaqueira. Que tal proibirem-na de utilizar esses tais aditivos, total ou parcialmente? Será que os Estados, hábeis em espezinhar autênticas liberdades individuais, não são capazes de disciplinar as fábricas dos cigarros, impondo-lhes regras sanitárias básicas? Talvez o problema não ficasse resolvido por inteiro, mas a saúde pública ganhava muito, porque, tanto quanto sei, os aditivos são muito mais perigosos do que o tabaco. E talvez se reduzisse a fumarenta disputa na praça pública.
Expresso - 19.05.2023
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