segunda-feira, 25 de março de 2024

 

MATARAM O PIANISTA


Mataram o pianista, só porque ele era suspeito. Usava barba grande, era amigo de Vinicius de Morais, Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Gilberto, Paulo Moura e de outros monstros sagrados da Música Popular Brasileira (MPB), dos criadores da Bossa Nova.

Prenderam-no, interrogaram-no, torturam-no. E mesmo sabendo que não tinha qualquer ligação com a política do seu país, Brasil, muito menos com a da Argentina, mas como depois iria contar os métodos dos esbirros de Videla, da tenebrosa Escola de Mecânica da Armada (ESMA), para onde o levaram. Depois de o torturarem, deram-lhe um tiro na cabeça, meteram-no num saco e atiraram-no ao mar e passou a ser mais um DESAPARECIDO, como muitos milhares de vítimas da cruel ditadura Argentina.

Era um brilhantíssimo jovem pianista. Uma das maiores promessas da música brasileira.

O Governo do seu país foi informado, mas não levantou qualquer problema. Vigorava lá também outra ditadura. Como no Chile, no Uruguai, no Paraguai, nas Onduras, na Nicarágua e noutros países da América Latina. Todas apoiadas sabem por quem? Isso mesmo! Pelos que a consideravam como o seu quintal das traseiras. Os que estão por detrás ou mesmo às claras de quase todas as guerras. Os que têm apoiado o genocídio em Gaza, na Palestina. Os “amigos” da Ucrânia.

O Pianista chamava-se Tenório Júnior. E, tal como eu, podem ver tudo isto através do filme com o mesmo nome que está aí em exibição nos cinemas.

Já tinha dado origem a um livro escrito por um grande jornalista e melómano norte-americano, Jeff Goldblum. Evidentemente, como em todo o lado, também lá há boa gente.

Francisco Ramalho



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