quarta-feira, 20 de março de 2024

Perigo escondido com rabo de fora


Conturbado como anda, cá dentro como lá fora, este nosso mundo favorece a cultura dos comentadores, que nascem como cogumelos nas estufas das televisões. Não será de admirar que esta proliferação propicie concomitantemente uma outra cultura, a do disparate e da incoerência. São já vários analistas que tenho presenciado a defender, durante o mesmo discurso, às vezes em frases quase consecutivas, ideias que, tomadas individualmente, apenas revelam uma inclinação perfeitamente legítima. Se proferidas no mesmo contexto, perturbam o meu entendimento. É o caso, por exemplo, da incontornável guerra da Ucrânia, apreciada sob diversos ângulos, e a partir de pontos de vista predeterminados, envolvendo, por vezes, processos de intenção como aquele que é frequentemente apontado a Putin no que toca aos seus intuitos expansionistas. Como conjugar a ideia de que o ditador das estepes planeie avançar militarmente por essa Europa adentro quando, imediatamente antes ou depois, se desvaloriza o potencial militar da Federação Russa, considerando que, em plena Ucrânia, não consegue progredir e, mais, que se encontra nos limites do seu poderio? Alguma coisa vai mal em certas estruturas mentais, ou então, sob interesses pouco claros, querem apenas moldar-nos o pensamento.


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