quinta-feira, 14 de março de 2024

 

UM CONTEXTO DIFÍCIL E MUITO PERIGOSO


Embora os resultados eleitorais, a reação dos principais protagonistas e as potenciais consequências desestabilizadoras do disparo do partido da extrema direita, estejam ainda na ordem do dia, não me pronunciarei ainda pormenorizadamente sobre o assunto.

Vou tentar resumir o contexto em que se realizaram e as perspetivas que, Como se sabe, não são nada animadoras.

No plano nacional, direi apenas, creio ser consensual, a incerteza e a preocupação são patentes. Mas também a certeza de que os democratas, as forças progressistas, saberão entender-se e rechaçar os efeitos da demagogia, do populismo, da regressão civilizacional que representa o referido partido.

Internacionalmente, a situação é ainda mais preocupante. Com destaque para as guerras da Palestina e da Ucrânia.

A primeira,cuja origem tem mais de 50 anos, transformou-se numa horrorosa catástrofe. Num massacre impensável depois do holocausto nazi. Aliás, como a comparou, e bem, Lula da Silva. Um exemplo entre os seus pares social-democratas. Catástrofe, diga-se, que atingiu a barbaridade e dimensão que atingiu, devido ao apoio que tem tido dos EUA e da benevolência da UE.

Em relação à da Ucrânia, a preocupação não é menor. Antes pelo contrário. A Ucrânia é o campo de batalha, e o seu povo, principalmente as forças armadas, carne para canhão. E para a comunicação social dominante do Ocidente, manipulando a opinião pública e justificando a guerra e a sua previsível intensificação e persistência, Putin e a Rússia, são os únicos culpados.

Omite as promessas feitas depois da queda da União Soviética e da dissolução do Pacto de Varsóvia, que a NATO não avançaria para junto das suas fronteiras, omite o comportamento do Governo da Ucrânia na dissolução de todos os partidos da oposição (11) e de sindicatos, omitiu e omite, os ataques contra eles, como o incêndio à casa dos Sindicatos de Odessa em que morreram queimados ou em fuga, cerca de 50 de sindicalistas, omite os ataques do exército ucraniano à população do Bonbass por reclamar o direito à sua língua (russo), cultura, e ao desejo de autodeterminação, omite o não cumprimento dos Acordos de Minsk que solucionavam o que restava resolver. Recorde-se que Ângela Merkel, confessou mesmo que o seu protelamento servia para que a Ucrânia se armasse. A armassem.

Ou seja, não lhes bastou a dissolução da União Soviética e o regresso do capitalismo. O que lhes convinha e convém mesmo, seria, será, retalhá-la, como fizeram com a Jugoslávia, ou colocar lá um governo “colaborador”. Colaboracionista. Como o da Ucrânia. Daí, a corrida aos armamentos e a continuação da guerra.

Imperioso é a paz. E relações normais entre todos os países da Europa e não só, incluindo, evidentemente, a Rússia. Só isso interessa aos povos. A guerra interessa aos que visam a hegemonia mundial, e ao complexo militar-industrial do armamento. Esta, entre potências nucleares, pode ter um fim trágico não só para a Europa, também para grande parte da humanidade.

Francisco Ramalho


Publicado, quarta, 13, no jornal O Setubalense






2 comentários:

  1. Subscrevo na íntegra! Bem escrito, bem condensado, bem situado geograficamente, bem situado historicamente e
    plasmada a realidade Nua e Crua. Parabéns e um grato abraço Ramalho - que nunca te doa o intelecto!

    Apostila: «Só» faltou referir o filho da Putin, como um monstro fascista assassino e o autocrata Zelenski, como um boneco articulado dos americães, (Biden & Cia. e...) estando «a matar» o seu Povo... entre um e outro, o diabo que escolha...
    Podem os caros leitores, considerar que um ou outro vocábulo poderá ser vernáculo\ousado.... O respeitinho não é bonito...! Por estas duas criaturas tenho respeito na cota - Zero!

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  2. Obrigado, Vítor, pelas tuas palavras. Longe de ser um admirador de Putin. Mas, como digo, abomino e deve ser denunciada, a hipocrisia dos que o consideram como o único culpado desta guerra que teimam em alimentar com consequências potencialmente apocalipticas. Grande abraço!

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