RESVALANDO PARA O ABISMO
O passado mês de
fevereiro, foi o mais quente dos últimos 93 anos. Dia 21 do passado
mês, a temperatura máxima registada em Braga, foi de 30 graus.
Quatro dias depois, baixou para 11. As temperaturas têm-se mantido
muito baixas, tem chovido bastante e nevado até no Alentejo (Serra
de S Mamede) e Algarve(Serra de Monchique), e a previsão é que este
anormal tempo para a época, continue.
Para além dos
efeitos nocivos em culturas como o tomate, favas, ervilhas, batatas,
feijão, etc., estes são apenas alguns exemplos mais que evidentes
das alterações climáticas, cuja principal causa é a emissão de
gases com efeito de estufa, sobretudo dióxido de carbono, que
provocam o aquecimento global.
Há dias, fui à
Quinta do Conde, e à tarde, vim pela estrada de Sesimbra. Apanhei
uma fila quase compacta de Fernão Ferro a Corroios. Em todo o
percurso, vi apenas três autocarros. Depois, outro dia de manhã,
fui à Charneca de Caparica, regressei logo a seguir, com filas
apenas um pouco mais fluentes. Mas, evidentemente, estes casos não
são únicos na região da grande Lisboa e no país.
Segundo o Instituto
da Mobilidade e dos Transportes (IMT), o tráfego automóvel o ano
passado em relação a 2022, aumentou 10%, e com tendência para
continuar a aumentar.
Bem nos avisa
António Guterres como Secretário-Geral da ONU, o Papa Francisco e
diversos especialistas responsáveis, mas a cegueira, a
irresponsabilidade, a loucura, continuam. Este lindíssimo planeta
caminha para um tão elevado estado de degradação que num futuro
mais ou menos próximo, se tornará inabitável. Ou, pelo menos, com
uma drástica redução de todas as espécies. Tantas delas, já
desaparecidas.
E, claro, para dar
uma “ajudinha”, para contribuir para a poluição e antecipar uns
milhares ou, quiçá, uns milhões de mortos, temos a outra loucura,
que é a guerra. E, mais uma vez, devemos aplaudir de pé, o atual SG
da ONU, o Papa Francisco e o Presidente Lula da Silva. As únicas
personalidades mundiais, a apelarem à paz. Os outros, apelam à
guerra. Principalmente os que se arvoram em guardiães da democracia
e dos direitos humanos. Os exemplos são mais que muitos. Veja-se o
caso do conflito Israel- Palestina. Mesmo depois de ter entrado no
atual estado de genocídio por parte de Israel, depois do seu apoio
de sempre e de terem rejeitado todas as propostas de cessar-fogo,
apresentaram uma que não exigia cessar-fogo nenhum. Considerava-o um
imperativo, condicionava-o à libertação de prisioneiros, mas
apenas de um dos lados do conflito. E agora, perante o repúdio
mundial sobre a prepotência do governo sionista e na iminência do
genocídio atingir proporções dantescas, limitaram-se a absterem-se
na resolução que efetivamente exige o cessar-fogo. Mesmo assim, já
veio o seu porta-voz, Jonh Kirby, afirmar que a abstenção dos EUA
“não significa uma mudança de rumo” e que “ a resolução não
é vinculativa”
Portanto, é
imperioso que mais vozes se juntem às de Bergoglio, Guterres e Lula,
na defesa da paz e do planeta.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O Setubalense
PS- Depois da edição
deste artigo de opinião, sete voluntários humanitários de diversas
nacionalidades, devidamente assinalados, foram mortos em Gaza e a
embaixada do Irão na capital da Síria foi bombardeada provocando um
número ainda indeterminado de vítimas.
Que país poderia
ter um comportamento destes sem um clamor mundial?
Mas, meus amigos,
este comportamento do país protagonista e dos seus aliados, não
poderá ter consequências imprevisíveis também a nível mundial?