quinta-feira, 4 de abril de 2024

Os mortos não são todos iguais


Poucos dias depois de viabilizar a aprovação de uma resolução de cessar-fogo por parte do Conselho de Segurança da ONU, a administração norte-americana deu luz verde para o reforço significativo do fornecimento de armamento a Israel. Dir-se-á que é uma decisão que se enquadra na política externa tradicional dos EUA, que, mais coisa menos coisa, se mantém invariável mesmo quando muda o partido no poder. Poder-se-á sempre falar dos insaciáveis interesses da indústria de armamento americana, mas convém não esquecer o papel “evangelizador” dos EUA na expansão da liberdade e da democracia liberal pelo mundo fora. 

Comparando com a influência americana na guerra da Ucrânia, percebe-se que o argumento de base para o fornecimento de armas que combatam Putin é muito fácil de encontrar pelos ocidentais, “avisados” que estão, há décadas, para o “perigo” russo. Mais difícil será encontrar paralelo no “perigo” palestiniano. Nem Hamas, nem Hezbollah, nem mesmo o Irão, possuem, até ver, as ogivas nucleares de que dispõe a Rússia. Não bastaria aos EUA decretarem sanções económicas aos palestinianos? Eles devem ter com o que pagar, nem que seja com o corpo. 


1 comentário:


  1. 08.04.2024
    Público - 07.04.2024 (truncado das partes sublinhadas). Compreendo perfeitamente o que levou o PÚBLICO a proceder às truncagens indicadas.
    Em primeiro lugar, aboliram-se referências directas ao governo dos EUA, bem como dois adjectivos. Enfim, nada de mais.
    Depois, eliminou-se a sinalização de que, ao contrário da Rússia, o Irão, o Hamas e o Hezbollah não possuem armamento nuclear. É mentira? Tanto quanto sei, é verdade.
    Finalmente, o apagamento do último parágrafo: de facto, hesitei em escrevê-lo, porque me dei conta da deselegância (para não dizer mais) que o mesmo continha; mas persisti na ideia de o manter no texto, exactamente para sublinhar que sanções económicas aos palestinianos seriam coisa que só lunáticos inventariam perante um povo que, na realidade, cada vez mais parece não possuir mais que o próprio corpo.

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