Perante o repúdio geral, ninguém se atreveria, alguma vez, explicitamente, a apontar algo de positivo no “fenómeno” da guerra, que, por definição, é negativo. A guerra destrói pessoas e bens, é certo, mas não deixa de enriquecer muitos. Há quem lucre desmesuradamente na construção e venda dos armamentos que, dado o nível de sofisticação tecnológica que atingiram, são produzidos com o recurso a vultuosos capitais, longe das capacidades financeiras das “fabriquetas” de outrora.
Mas há outros “ganhadores” da guerra. Netanyahu, por exemplo, só sobrevive politicamente à custa dela. Abrindo uma nova frente com o Irão, desde logo abençoada pelo ocidente em geral, capitaliza em seu favor a hostilidade suscitada pelos ayatollahs extremistas, deixando cair no apagamento da memória, tudo quanto de cruel praticou e pratica em Gaza. Não será tão cedo que a abertura dos telejornais vai incidir sistematicamente no horror da Palestina que, à semelhança da Ucrânia, tenderá a diluir-se nos alinhamentos. Não que se deixe de falar do assunto, mas…
Público - 19.04.2024
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