Sei que tem saudades da sua juventude. Quem as não tem? Mas é legítimo confundi-las com as que, por associação de ideias, se podem misturar com a vivência global em que nos inseríamos? Isto aplica-se a tantos de nós que, há 50 anos, já éramos adultos, com diferenciadas responsabilidades na vida. Convém não esquecer que essa vida de então estava amplamente condicionada pelo circunstancialismo político dominante. Ou porque estávamos na guerra colonial, ou porque, se pertencêssemos a alguns dos grupos sociais “desfavorecidos”, tínhamos condicionada a nossa liberdade de movimentos, sujeita à vontade de outros. As nossas mulheres ou mães, por exemplo, não poderiam deslocar-se ao estrangeiro sem autorização expressa dos respectivos maridos. Qualquer “cidadão” que não fosse “branquinho de gema”, embora não sujeito a um “apartheid” declarado, tinha o ferrete da cor da pele e, consequentemente, muitas portas fechadas, mesmo na sua terra natal, em África. Era o colonialismo em toda a sua força, com países a oprimirem “legalmente” outros países.
Não nos deixemos confundir nem enganar. A todo o tempo somos assediados por populistas que nos segredam que o 25 de Abril acabou com os tempos felizes. Prefiro, sem tibiezas, os tempos, ainda que imperfeitos, em que podemos falar, discordar, pensar pela própria cabeça. E isso foi o 25 de Abril que nos trouxe.
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