quarta-feira, 3 de abril de 2024

Fachadismo

 

Saberei logo pelo JN o que foi dito na tomada de posse do novo Governo, cuja cerimónia não tive a menor pachorra para ver, não porque a alternância em si mesma me incomode, mais faltava, mas porque aquela gente, a começar pelo “primeiro” e passando por um tal Nuno Melo, me provoca urticária; deste último, lembro o seu parente de Santo Tirso, Eurico de Melo, suponho que terá sido também seu padrinho, que, quando foi ministro da Defesa, fez com os americanos um negócio de compra de aviões-sucata para a Força Aérea que, se não caíram todos, devem ter escapado poucos, e quando questionado acerca do assunto, Eurico de Melo respondia que os americanos eram amigos, e os amigos entendem-se sempre.

 

De outro ministro do partido do Melo, o Portas, conhecemos o imbróglio dos submarinos, que na Alemanha deu condenações e aqui foi tudo estranhamente arquivado, decerto porque o dito cujo, ao aperceber-se que ia ser corrido, passou uma noite no ministério a queimar literalmente arquivo que o pudesse incriminar; tendo ouvido há dias o Melo referir-se ao seu anterior líder como tendo sido um grande ministro da defesa, temos conversado quanto ao que se poderá esperar dele.

 

No mais, também li que a primeira medida do novo Governo, “urgentíssima”, que a gente espera como pão para a boca, será mudar o símbolo da República; presumo que se seguirão as mesas e cadeiras das salas de trabalho, assim como os automóveis, que os novos senhores não poderão sentar-se nos mesmos bancos onde os anteriores se terão peidado...

 

Amândio G. Martins

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