COISAS FEIAS NA COSTA DA CAPARICA
Com as altas
temperaturas que se têm feito sentir, nomeadamente nos três
primeiros dias da semana passada, a rondar os quarenta graus
centígrados na nossa região, todos os cuidados para se evitar a
deflagração de incêndios, não são de mais.
Por exemplo, pelo
menos as bermas de estradas que atravessem zonas arborizadas, devem
estar limpas. Com ervas e arbustos cortados. Não é o que acontece
na que se situa entre a Charneca da Caparica e a Praia da Mata,
atravessando a mata situada na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil
da Costa da Caparica. Não é que tenha muita erva, mas a que tem,
está muito crescida e seca e com bastantes arbustos.
Chegados à praia no
período em que é mais frequentada, concretamente as que ficam
situadas mesmo junto à vila; Praia do Dragão Vermelho, do Tarquínio
e Praia da Nova Vaga, que é que vemos? Vemo-las transformadas em
autênticos campos de futebol. Este ano, ainda pior que nos últimos.
O que está ligeiramente melhor, até porque já não há a “praga”
das máscaras, é o lixo. Mas só na areia! Porque nas rochas dos
molhes, tantas vezes sorrateira e cobardemente ou mesmo às claras,
nomeadamente garrafas e outros invólucros e plásticos diversos,
continuam a ser depositados lá. Indo depois, com a maré, juntar-se
aos milhões de toneladas que já se encontram nos oceanos.
E já estarão, e
bem, leitores a pensar: “Então mas tudo isso não é proibido? Não
se cumpre a legislação?” Não, não cumpre! A impunidade é
total. Vão lá, e confirmem. As pessoas são incomodadas, e a
Polícia Marítima, os poucos elementos que tem o posto local e que
têm uma zona de vai da Trafaria ao Cabo Espichel para vigiar,
raramente aparecem. Tudo isto, confirmado também pelos nadadores
salvadores.
Mas a cereja no topo
da desgraça da importante praia da Capital, da Margem Sul e de
muitos turistas, é que à saída, a cem metros, existe uma lixeira a
céu aberto. Mesmo junto à Via Rápida.
Há uma estrada de
terra batida e uma aglomerado de casas, algumas semi-demolidas, um
cenário altamente deprimente com um atrelado de camião onde os
moradores depositavam o lixo, mas que há dias, já lá não o vi.
Talvez por isso a lixeira esteja maior.
Senhora presidente
da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, será que não tem
conhecimento desta situação lamentável? Nem o senhor presidente da
Junta de Freguesia local, para a informar?
Imagino que não
será fácil resolver o estado deplorável daquele aglomerado
populacional, mas a melhoria da limpeza e higiénica públicas é,
com certeza.
Aqui fica o reparo.
Assim como ao Governo para que crie condições aos inúmeros
banhistas que frequentam aquelas praias, das mais concorridas do
país, que o possam fazer tranquilamente.
Infelizmente, a
falta de civismo está na origem de algumas destas lamentáveis
situações. Por isso, campanhas de sensibilização são
importantes. E depois, para os mais recalcitrantes, penalizações.
Mas, mais importante ainda, é que o Poder Local e, sobretudo, o
Central, cumpram o seu insubstituível papel.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal OSETUBALENSE