Quando vemos a violência nas ruas de Inglaterra, provocada por movimentos de extrema-direita e espoletada por notícias falsas divulgadas em algumas redes sociais, sem qualquer escrutínio jornalístico digno de respeito, perguntamos-nos como é possível que, vários dias depois de serem completamente desmentidas, ainda continuem a ser a inspiração de tanta destruição.
Já depois disso, assistimos ao infame desenvolvimento “noticioso”, nas mesmíssimas redes, de factos igualmente falsos sobre o género da pugilista argelina Imane Khelif que, segundo fontes fidedignas, nasceu e é mulher, aliás cisgénero. Nem sequer os altos níveis de testosterona estão certificados cientificamente, nem nada comprovariam, caso existissem, mas o racismo, a islamofobia e um impulso completamente irracional de transfobia “preventiva” levaram a que correntes de extrema-direita, dos EUA (Trump) a Portugal (Rita Matias), com passagem pela Itália (Melloni), pátria da pugilista vencida no combate “fatídico”, se sintam “à solta” para vir a terreiro proclamar diferenças rácicas imaginárias. O mesmo fez Hitler relativamente à “raça” ariana, também em tempos de Jogos Olímpicos, pelo que talvez valha a pena recordar Jesse Owens.
Até quando vamos permitir/alimentar a perpetuação de mentiras nas redes sociais, mesmo depois de cabalmente desmentidas?
Público - 11.08.2024
Mais uma vez, moderadamente, o amigo José Rodrigues a pôr o dedo numa das feridas desta sociedade (ou civilização?) doentia. E não vejo resposta para a sua interrogação.
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