Um dos meus companheiros de caminhada matinal decidiu, antes que lhe negassem renovar a carta de condução, arrumar o carro de vez porque, dizia, já fazia muitas asneiras e andava com medo; com 88 anos, não deixa de ser sensata a decisão, e leva-me a pensar que, mais cedo ou mais tarde, embora seja um bocadinho mais novo, terei de ponderar fazer o mesmo, se entretanto me não for negado o documento, porque é inexorável que os reflexos e a agilidade se vão reduzindo a cada dia que passa.
Vivendo em aldeias mais ou menos distantes, mas tendo prazer em descer do monte até à sede do concelho, caminhar nas ecovias que marginam o Lima, comprar o jornal, cavaquear no café, bem falta faz um transporte colectivo mais dedicado a jubilados para que, sobretudo os de idade mais avançada, possam prescindir do automóvel; mas o que existe, para além do que faz o transporte da miudagem para as escolas, limita-se a uma recolha de manhã cedo, que satisfaria, se a de volta não fosse só ao início da tarde, com uma terceira à noitinha, condicionando muito a mobilidade dos idosos, que ficam dependentes de uma eventual boleia...
Amândio G. Martins
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