terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Um gesto de gratidão

Numa altura em que António Costa é um autêntico bombo de festa, desculpem, mas vejo-me obrigado a sair em sua defesa. Ainda agora, que acabei de ouvir e digerir o seu magnífico discurso do jantar/comício comemorativo do 2º aniversário do governo socialista, reparei que tinha recuado à minha infância. Foi extraordinário imaginar-me no largo fronteiro à Escola Primária onde todos os dias montavam banca dois vendedores ambulantes. O senhor Costa vendia artigos de papelaria e a quem comprasse uma caneta de tinta permanente, oferecia, não uma, mas duas esferográficas, um lápis, uma borracha e um aguça. Mas ainda não era tudo pois ainda tinha para oferecer uma régua e mais um esquadro. Não sei se quem me está a ler é dessa época, mas digo-vos a conversa dele mais parecia um relato de futebol com metade das palavras engolidas. No outro lado do largo, lá estava o senhor António que vendia a famosa banha-da-cobra que os mais antigos se lembram muito bem. Há aqui alguém com dores nos dentes? Não hesite, compre esta pomada que também serve para lhe tirar as dores nas costas. Tem um calo a doer-lhe? Que está à espera? Basta aplicar três dias e vai ver que o calo se desfaz naturalmente. Sofre do reumatismo? Basta aplicar uma vez por dia e vai ver que a essa dor desaparece como por milagre. E sem querer ser exagerado como o senhor António, penso, mas não tenho a certeza, que até a anunciava como precursora do Viagra, mas naquela época os conhecimentos dos putos não eram como hoje e daí a minha dúvida. Agora sejam francos: não tenho que ser grato ao nosso primeiro-ministro que me trouxe tão belas recordações da minha meninice? E das suas? Jorge Morais
 
Publicada no DN-M de 03.12.2017
 
                                                           Ilustração do leitor Paulo Pereira

 
 





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