Pela segunda vez, o presidente da República vetou a lei que descriminaliza a morte medicamente assistida. Após o primeiro veto, o documento voltou ao Parlamento para nova apreciação e, depois de trabalhado, sobretudo pelos deputados dos partidos que a votaram favoravelmente, e bem, a lei foi alterada, também pelo número de vezes ampliado que o doente irreversível tinha de reconfirmar a disposição para ter morte assistida. Este veto desprezou o labor dos parlamentares, foi político porque favoreceu o seu PSD e negou a agonia terminal da doença. Nesta má decisão de Marcelo, também radica
no facto de ser beato e colar-se ao conservadorismo católico. Esta religião prega até à exaustão as virtudes do amor, mas não tem compaixão pelo desumano sofrimento agónico sem remissão. Bem prega Frei Tomás...
É significativo que um grupo de 10 juristas contesta o veto presidencial pela argumentação 'supostamente' jurídica que usou.
Se Marcelo tivesse tido um familiar próximo em estado terminal, com tais dores oncológicas, que só foram disfarçadas com elevadas doses de morfina, como eu tive minha mãe - que me disse 'nunca mais acabo!' - em vez de vetar, teria promulgado a lei? Neste caso, os cuidados paliativos são «aspirinas» para a fatal morte!
Os adeptos do obituário da lei da Eutanásia devem estar equivocados. Aquela voltará à Assembleia da República, num processo que já se arrasta há 26 anos(!), e será regulada como direito fundamental!
Vítor Colaço Santos
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