Determinado a acabar de vez com as romagens de saudosistas do fascismo a Cuelgamuros, onde Franco mandou construír uma basílica e deu ao local o nome de “Vale dos Caídos”, para glória da sua acção e local da sua tumba, o actual governo de Espanha, depois de há tempos ter retirado dali os restos do ditador, fez há dias o mesmo com Primo de Rivera, que tinha sido fundador da Falange e fuzilado pelos republicanos no início da guerra civil; tendo a democracia espanhola quase a idade da nossa, foi preciso este tempo todo para haver quem tivesse a coragem daquela decisão, que era preciso tê-la, porque as forças contrárias a que se mexesse naquilo se opunham por todos os meios e tinham muitos apoios, com o argumento de que seria uma profanação.
Mas os ultradireitistas espanhóis estão a cada dia mais atrevidos, ao ponto de a Falange propor agora para o Câmara de Bilbao, nas próximas eleiçoes de 28 de Maio, o facínora responsável material pelo que ficou conhecido por “massacre de Atocha”, ocorrido em 1977, tendo sido assassinados à queima-roupa cinco advogados no seu local de trabalho, por serem comunistas e se proporem trazer à luz do dia os crimes da ditadura; chama-se o matador Carlos Garcia Juliá, e era ao tempo “guardaespaldas” de Blas Piñar, outro notório fascista.
Por aqueles crimes o sujeito foi condenado a 193 anos de prisão, mas teve cumplicidades suficientes para logo se evadir da cadeia e refugiar-se pela América Latina, onde se manteve até 2018, quando terá facilitado e foi descoberto em S. Paulo, sendo recambiado para Espanha, mas pouco mais tempo esteve detido, para revolta da advogada Cristina Almeida, ao tempo do massacre estagiária no mesmo escritório, só tendo escapado porque tinha saído momentos antes numa diligência, mas as imagens do que viu quando chegou atormentam-na até hoje...
Amândio G. Martins
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