Os livros sobre Salazar, continuam a dar. Mas!
Num tempo de autêntico desnorte e em que todos os nossos políticos, "sempre de
serviço, ao serviço, sempre os mesmos, e todos bastantes maus", e em que
não se vislumbra futuro, a crença em ditadores é fascinante.
Estamos consistentemente a ler histórias - para todos os
gostos! - sobre Salazar, quer sobre o
que fez e não na política durante as décadas
seguidas em que foi Político no activo,
e até da sua privada vida, das suas namoradas, da francesa jornalista e das
escapadelas pela Urgeiriça.
E das funções que ocupou - impondo-se nas mesmas! - e outras que acumulou, como Ministro das Finanças,
dos Negócios Estrangeiros e Presidente do Conselho. E, aquela imagem de ditador
tenta ser esbatida, para não ser tanto assim, só um pouco.
E a imagem do homem que fez tudo pelo Estado e que não enriqueceu
à custa do Estado. Esta sem dúvida é um facto, tudo o resto cada um assume como
melhor jeito lhe der. Claro que não enriquecer, não se governar, à custa das suas
funções é algo que hoje é quase incompreensível.
Mas eternizar-se - à força e pela força! - no Poder, fê-lo ainda melhor que
"estes" que vamos conhecendo e que de poleiro em poleiro, andam lá
eternizando-se e infernizando-nos.
E não permitia à comunicação social dizer as realidades,
dizer o que se passava, era verdade, e que torturava quem o contrariava é
verdade. Que era ditador ninguém duvidará. E não era agradável viver em sufoco.
Hoje o exagero foi para o outro lado, mas podemos -livremente - não ouvir, não ver, não ler o
que não queremos. Naquele tempo não havia escolha!
Que ajudou a "pôr" as finanças em ordem, não é
mentira, mas os métodos utilizados não foram os melhores e não compensa fazer
tudo à força, e depois esquecer-se - parece que é um mal que vem de longe e permanece
- de desenvolver bem a economia, fazer o País de facto crescer e tornar-se sustentável.
Não fez! Não!
E existiu num tempo em que as ditaduras estavam em força na
Europa , não nos esqueçamos convenientemente de Mussolini - de quem muito
Salazar gostava - , de Franco - não se gostavam , aceitavam-se - e de Hitler na nossa neutralidade , não neutral.
Mas , estamos, agora, num tempo em que todos os políticos ao
serviço, essencialmente nos últimos 15 a 20 anos são profissionais da política
- e não políticos! - , cá no nosso retângulo e são maus, e eternizam-se dado
que não saem, nem deixam outros entrar, e tudo o que fazem em crise é para mais
agravá-la, e, claro que se sonha com Salazar. Mas é um sonho mau.
Esperemos ser possível haver algum bom senso, e sem ter que aparecer um Salazar
ditador que hoje nem espaço tem, neste mundo global, aqui na Europa, talvez se
comece a criar uma nova classe política, com qualidade, com democracidade, com conhecimentos,
sem querer enriquecer pelo Poder, e que seja totalmente refrescada e desligada
da actual.
Sempre com Partidos Políticos e nunca com um único, mas
talvez até refrescando Partidos, com
gente nova, com mais vida que não só a política, e que entrem nesta não para lá
ficarem, mas saindo e entrando novos.
E Salazar faz parte da História e só como tal deveria ser
lido.
Augusto Küttner de Magalhães
Os estatutos partidários e os seus regulamentos enquanto não forem alterados, pois funcionam essencialmente em função dos interesses do grupo e não do país, não interessa refrescos ou aquecimentos, porque as regras devem ser cumpridas. Os partidos podem ser os mesmos, mas a sua organização e fins têm de ser melhorados e mais abrangentes, acabando até com os políticos profissionais porque isso não representa o povo e é uma casta à parte, que tem sempre o melhor lugar no banquete do orçamento ou das empresas e institutos públicos. Se não houver uma nova consciência do exercício da política, tanto faz ser o Pedro ou o Paulo a mandar, o desastre é o caminho traçado.
ResponderEliminarMas este Paulo é como aqueles copos antigos que fica sempre em pé!!!!!!!!!!
ResponderEliminarDeveria ter um bilhete para emigrar e jamais voltar!
Caro Augusto, nada a acrescentar ao que afirmou, excepto que estas recorrentes referências e até citações de Salazar podem ser interpretadas como uma desilusão da democracia parlamentar, que o próprio ditador (e também Cunhal, não esqueçamos) combateu.Eu até sou levado a acreditar que muitos que desejaram uma democracia, hoje desiludidos com a que temos, trocavam eventualmente o voto (que não tem servido para muito) por estabilidade, segurança de pessoas e bens, equilíbrio das finanças públicas, menos corrupção e uma melhor gestão da coisa pública. Eu nasci e formei-me com Salazar no poder. Sempre fui de esquerda e do reviralho até Março de 1975. Depois, tem-se de facto escrito muito sobre Salazar. Franco Nogueira só lhe encontrou virtudes. Fernando Rosas só lhe encontrou defeitos e crimes. Aconselho a obra independente e séria de Filipe Ribeiro de Menezes (sua tese de doutoramento em Londres), com o título "Salazar". Depois de a ler atentamente, concluí, desculpem a provocação intelectual, que se Salazar tivesse conseguido abandonar o poder em 1950, ainda hoje seria recordado como um grande estadista e não como ainda é, um incompetente, fascista, corrupto e criminoso comum. Mas tenho o pressentimento, que a continuar neste caminho, Portugal ainda vai desejar uma democracia mais firme (ou musculada) do que esta triste bandalheira a que vimos assistindo. Não será já na minha vida, mas suspeito que será na vida dos meus netos. Isto assim não dá mesmo!
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