domingo, 7 de julho de 2013

Os livros sobre Salazar, continuam a dar. Mas!


Os livros sobre Salazar, continuam a dar. Mas!


 

Num tempo de autêntico desnorte e em que  todos os nossos políticos, "sempre de serviço, ao serviço, sempre os mesmos, e todos bastantes maus", e em que não se vislumbra futuro, a crença em ditadores é fascinante.

Estamos consistentemente a ler histórias - para todos os gostos! -  sobre Salazar, quer sobre o que  fez e não na política durante as décadas seguidas  em que foi Político no activo, e até da sua privada vida, das suas namoradas, da francesa jornalista e das escapadelas pela Urgeiriça.

E das funções que ocupou - impondo-se nas mesmas! -  e outras que acumulou, como Ministro das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e Presidente do Conselho. E, aquela imagem de ditador tenta ser esbatida, para não ser tanto assim, só um pouco.

E a imagem do homem que fez tudo pelo Estado e que não enriqueceu à custa do Estado. Esta sem dúvida é um facto, tudo o resto cada um assume como melhor jeito lhe der. Claro que não enriquecer, não se governar, à custa das suas funções é algo que hoje é quase incompreensível.

Mas eternizar-se - à força e pela força! -  no Poder, fê-lo ainda melhor que "estes" que vamos conhecendo e que de poleiro em poleiro, andam lá eternizando-se e infernizando-nos.

E não permitia à comunicação social dizer as realidades, dizer o que se passava, era verdade, e que torturava quem o contrariava é verdade. Que era ditador ninguém duvidará. E não era agradável viver em sufoco. Hoje o exagero foi para o outro lado, mas podemos  -livremente - não ouvir, não ver, não ler o que não queremos. Naquele tempo não havia escolha!

Que ajudou a "pôr" as finanças em ordem, não é mentira, mas os métodos utilizados não foram os melhores e não compensa fazer tudo à força, e depois esquecer-se -  parece que é um mal que vem de longe e permanece - de desenvolver bem a economia, fazer o País de facto crescer e tornar-se sustentável. Não fez! Não!

E existiu num tempo em que as ditaduras estavam em força na Europa , não nos esqueçamos convenientemente de Mussolini - de quem muito Salazar gostava - , de Franco - não se gostavam , aceitavam-se  - e de Hitler na nossa neutralidade , não neutral.

Mas , estamos, agora, num tempo em que todos os políticos ao serviço, essencialmente nos últimos 15 a 20 anos são profissionais da política - e não políticos! - , cá no nosso retângulo e são maus, e eternizam-se dado que não saem, nem deixam outros entrar, e tudo o que fazem em crise é para mais agravá-la, e, claro que se sonha com Salazar. Mas é um sonho mau.

Esperemos ser possível haver algum  bom senso, e sem ter que aparecer um Salazar ditador que hoje nem espaço tem, neste mundo global, aqui na Europa, talvez se comece a criar uma nova classe política, com qualidade, com democracidade, com conhecimentos, sem querer enriquecer pelo Poder, e que seja totalmente refrescada e desligada da actual.

Sempre com Partidos Políticos e nunca com um único, mas talvez até refrescando  Partidos, com gente nova, com mais vida que não só a política, e que entrem nesta não para lá ficarem, mas saindo e entrando novos.

E Salazar faz parte da História e só como tal deveria ser lido.

 

Augusto Küttner de Magalhães

3 comentários:

  1. Os estatutos partidários e os seus regulamentos enquanto não forem alterados, pois funcionam essencialmente em função dos interesses do grupo e não do país, não interessa refrescos ou aquecimentos, porque as regras devem ser cumpridas. Os partidos podem ser os mesmos, mas a sua organização e fins têm de ser melhorados e mais abrangentes, acabando até com os políticos profissionais porque isso não representa o povo e é uma casta à parte, que tem sempre o melhor lugar no banquete do orçamento ou das empresas e institutos públicos. Se não houver uma nova consciência do exercício da política, tanto faz ser o Pedro ou o Paulo a mandar, o desastre é o caminho traçado.

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  2. Mas este Paulo é como aqueles copos antigos que fica sempre em pé!!!!!!!!!!

    Deveria ter um bilhete para emigrar e jamais voltar!

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  3. Caro Augusto, nada a acrescentar ao que afirmou, excepto que estas recorrentes referências e até citações de Salazar podem ser interpretadas como uma desilusão da democracia parlamentar, que o próprio ditador (e também Cunhal, não esqueçamos) combateu.Eu até sou levado a acreditar que muitos que desejaram uma democracia, hoje desiludidos com a que temos, trocavam eventualmente o voto (que não tem servido para muito) por estabilidade, segurança de pessoas e bens, equilíbrio das finanças públicas, menos corrupção e uma melhor gestão da coisa pública. Eu nasci e formei-me com Salazar no poder. Sempre fui de esquerda e do reviralho até Março de 1975. Depois, tem-se de facto escrito muito sobre Salazar. Franco Nogueira só lhe encontrou virtudes. Fernando Rosas só lhe encontrou defeitos e crimes. Aconselho a obra independente e séria de Filipe Ribeiro de Menezes (sua tese de doutoramento em Londres), com o título "Salazar". Depois de a ler atentamente, concluí, desculpem a provocação intelectual, que se Salazar tivesse conseguido abandonar o poder em 1950, ainda hoje seria recordado como um grande estadista e não como ainda é, um incompetente, fascista, corrupto e criminoso comum. Mas tenho o pressentimento, que a continuar neste caminho, Portugal ainda vai desejar uma democracia mais firme (ou musculada) do que esta triste bandalheira a que vimos assistindo. Não será já na minha vida, mas suspeito que será na vida dos meus netos. Isto assim não dá mesmo!

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