segunda-feira, 16 de março de 2015

Ironias


Convém avisar que esta carta é irónica. Quando tipos como eu ou o Luís “Charlie” Pedro Nunes, se põem a escrever, logo nós que não somos grandes espingardas de caneta na mão, é melhor fazer alguns avisos como este.
Quando, em 1975, os comunistas quase conseguiram o poder em Portugal, fomos avisados de certos perigos. Certo e sabido, seríamos espoliados da liberdade, da propriedade privada (desde as nossas casas às poupanças), seríamos para todo o sempre escravizados com salários de fome, perderíamos o direito de voto e, consequentemente, de rejeição dos poderes instituídos, seríamos despojados do direito à educação dos nossos filhos (obviamente por falta do cheque-ensino, que não por exorbitância das propinas e outros gastos sine qua non) e, para culminar, quando chegássemos a velhinhos, a sociedade desembaraçar-se-ia de nós com umas doces injecções atrás da orelha.
Pois bem, rejeitámos os comunistas e ficámos todos contentes por pensar que, por todo o sempre, e enquanto esses não mandassem, estaríamos a salvo de que nos acontecesse tudo aquilo. Congratulemo-nos, pois então. Alguém se atreverá a dizer que aquelas brutalidades nos aconteceram? Claramente não, e mesmo os velhinhos não são aniquilados com injecções, só não têm camas para serem tratados.
Falta tirarem-nos a liberdade. Mas não há grande perigo: aquela de que usufruímos exerce-se apenas de 4 em 4 anos e serve perfeitamente para que se legitime tudo o mais, em nome da liberdade universal. Até o Marcelo Caetano não deixava de acalentar o Comércio do Funchal, de boa memória, prova provada de que havia liberdade de imprensa.

José A. Rodrigues, V.N.Gaia

1 comentário:

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