terça-feira, 12 de julho de 2022

 

A ARRAIA MIÚDA, OS TUBARÕES E A POLUIÇÃO


Terminada a Conferência dos Oceanos. Onde, evidentemente, se falou muito, e bem, sobre o mal que lhes estamos a fazer e quão importantes eles são para o planeta. Mas, no terreno, como se usa dizer-se, tudo como dantes, quartel- general em Abrantes.

Apesar do calor já ter assentado arraiais em força, mas como o tempo tem andado incerto, o que agora é mais que certo, tenho ido pouco à praia. Mas já lá fui algumas vezes. As últimas das quais, agora durante esta onda de calor. E em termos de comportamento cívico da arraia miúda, parte dela, claro, em relação à ultima época balnear, não verifico melhoras nenhumas. Antes pelo contrário. Por exemplo em relação às máscaras, embora agora só sendo obrigatórias em determinados locais, na praia não são, mesmo assim, ainda se veem tantas espalhadas pela areia! Quanto aos plásticos em geral, garrafas, copos e invólucros diversos, infelizmente, neste caso, até piorou.

Refiro-me às praias que frequento na Costa da Caparica que, com certeza, não serão exceção. Apesar da limpeza noturna efetuada pela autarquia, se não seriam estrumeiras, muito desse lixo por ação do vento ou da subida da maré, vai para o oceano.

Com isto, não estou a desvalorizar este ou outros importantes eventos, onde se reúne a fina flor dos especialistas na matéria, se divulgam informações preciosas sobre o estado dos oceanos, e se produzem declarações e conclusões. O problema, é não se chegar às massas. Informá-las, sensibilizá-las, e, em ultima instância, penalizá-las por tão nocivos comportamentos. E isso, apesar dos meios mediáticos serem mais que suficientes, não tem sido feito. Prefere-se, e aqui já estamos a falar de tubarões, pão (pouco) e circo. Entreter-se a malta com futebol, telenovelas, concursos simplórios,etc.

Por ignorância e insensibilidade, este, é apenas um exemplo do comportamento incorreto da “arraia miúda”. Depois temos o comportamento dos “tubarões”. E esse, é também por insensibilidade, não por ignorância, mas sim por interesse. Pelo lucro.

Os exemplos são mais que muitos. Apenas alguns deles: a devastação de florestas para monoculturas, terras que antigamente produziam cereais e outras culturas tradicionais e agora passaram a culturas intensivas que consomem imensa água e que as esgotam e contaminam com o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes para produzirem ao máximo. Como no Alentejo com os olivais e amendoais. A desertificação de tantas regiões como o nosso interior onde cresce o mato, pasto para incêndios, e onde quase se cultiva apenas o eucalipto, ou esse flagelo que é a guerra, para onde se desviam recursos que deveriam estar ao serviço do homem e da Natureza, e não da morte e da destruição. Veja-se o que se passa com esta na Ucrânia que pura e simplesmente devia ter sido evitada, principalmente pelos que a mantêm, apesar das consequências tão negativos mesmo para o ambiente.

E assim, irresponsavelmente, apesar do diagnóstico estar mais que feito, caminhamos para o abismo.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"






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