domingo, 24 de julho de 2022

AVENIDA DA BOAVISTA, PORTO, PORTUGAL

SAUDAÇÕES
 
Começo por saudar as vozes desta girafa e o senhor José A. Rodrigues em particular. Que me descobriu na secção dos leitores do Público e convidou para fazer parte desta família alargada de leitores escritores. Não sou um escritor compulsivo e por isso é bem possível que, na minha próxima "postagem", a maioria de vós já se tenha esquecido de mim. Veremos. E assim sendo apresento-vos a minha primeira peça. Sejam indulgentes por favor: 


AVENIDA DA BOAVISTA, PORTO, PORTUGAL

Sob este título alguém se inquietava, há muitos anos já e salvo erro nas páginas do JN, com a colonização do Português por anglicismos, aplicados a propósito de nada. Isto porque, reparou o autor, a Avenida da Boavista já não tinha praticamente nenhum estabelecimento comercial com nome em Português. E a opção era, está bem de ver, o inglês. Anos volvidos, essa colonização continua o seu caminho asfixiante, como uma trepadeira indesejada.
Há áreas profissionais em que a aplicação de anglicismos se justifica pontualmente. Mas os exotismos, quando introduzidos de forma pouco reflectida, tendem a colonizar e eliminar os seus equivalentes nativos.
O Português e a cultura portuguesa que o suporta parecem estar a perder “densidade”, com larga culpa das suas elites intelectuais, políticas e empresariais. 
Porque uma economia robusta não exporta só bens e serviços, defende e projecta a língua que os identifica.
E a tomada acertada de decisões da classe política, sobretudo de longo prazo, teria ajudado (não sei se ainda vão a tempo) à preservação da língua. Recordo por exemplo, assisti a isso, que a Espanha optou por fazer a dobragem sistemática de filmes estrangeiros na sua TVE estatal enquanto a RTP se limitou a legendar. 
Para não falar da pantomina que é a CPLP e o Acordo Ortográfico.
Serve isto para introduzir as responsabilidades da intelectualidade portuguesa. Culpada, por exemplo, de este meu texto estar escrito em Português tornado “arcaico” pelo Acordo Ortográfico.
É que, depois das ervas daninhas anglófonas tomarem conta do nosso relvado, chegaram, à boleia do Acordo Ortográfico, as infestantes de folha larga do português do Brasil. Tão doce e musical na Bossa Nova mas tão destruidor da nossa língua quando aparece, insidiosamente, nas legendas dos filmes das TV’s por cabo. 
Finalmente fui a um tradutor da “net” certificar-me que a tradução para o inglês de Boavista era mesmo “good view”. Sintomaticamente, embora haja dezenas de línguas, por defeito aparece logo o inglês como idioma a traduzir. Pois é, num futuro próximo o título desta peça será “GOOD VIEW AVENUE, OPORTO, PORTUGAL”. E quem se opuser é um parolo!!







3 comentários:

  1. Seja bem-vindo, "Avenida da Boavista"

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  2. Bem-vindo J. Pombal.
    Também eu, me senti por vezes "insultado" com a invasão dos anglicismos. Agora já não me incomoda, porque é imparável. Principalmente desde que a informática tomou conta das nossas vidas. A Língua inglesa a muito breve trecho será uma Língua universal. Uma moderna versão do Esperanto.

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  3. Ainda bem que veio. E com o seu oportuno Avenida da Boavista a concitar comentários, que é coisa que muito tem escasseado. Felicidades e (muitos) textos à medida da sua respeitável "compulsividade".

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