sexta-feira, 1 de julho de 2022

Sol na eira e chuva no nabal


Uma boa parte dos líderes mundiais não anda boa da cabeça. Se Putin fez o que fez, espalhando metralha a jorros para exercer um “direito” a dominar um quintal/área de influência, os adversários tradicionais fizeram gala em se travestirem de inimigos, e os EUA, com imensa facilidade, convenceram os aliados da UE e do G7 a cerrarem fileiras contra a Rússia. 

É certo que não é a maioria da população mundial, mas vêem-se como os únicos e legítimos detentores da “marca registada” democracia, reservando-se o direito a exportá-la para outras paragens, nem que seja contra a vontade dos protegidos. Enquanto contemplam o alargamento da NATO, sempre a pedido dos novos membros - a quem seria falta de respeito dizer não, mesmo que por razões prudenciais -, deleitam-se num interessante jogo de imaginação a criar inventivas sanções a Putin. Às vezes, dizem que deixam de comprar coisas à Rússia, mas só no futuro. Outras vezes, dizem que vão tabelar os preços, acima dos quais não pagarão. O presidente do Conselho Europeu é que sabe, como quando diz que “(...) o objectivo é atingir a Rússia e não tornar a nossa vida mais difícil e mais complexa”. É o chamado delírio criativo.


Público - 03.07.2022

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