quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Que sorte!


Tudo correu pelo melhor para todos, excepto, talvez, para ele próprio. Sérgio Figueiredo (S.F.) desistiu da vontade de ocupar um cargo que quase todos pressentimos ser uma troca de favores. Esta reciprocidade, louvável na vida individual, deixa de o ser quando envolve dinheiros públicos. Por isso, saúda-se a “barulheira” que despertou o anúncio do convite a S.F. para ser consultor estratégico do Ministério das Finanças. A todos os títulos, ela foi eficaz, e mostrou, para futuro, que os actos desabridos, tomados pela força, nem que seja de uma legítima maioria absoluta, podem ser travados. Mas não tenhamos grandes ilusões, porque hão-de aparecer muitas oportunidades em que não bastará uma ensurdecedora e abrangente campanha de repúdio para opor a vontade popular a um conjunto maioritário de deputados na Assembleia da República. Será preciso, pelo menos, um desistente sem a força necessária para enfrentar os protestos, quando o que abunda são os que, quando a tença é boa, se submetem a qualquer opróbrio. Desta vez, vá lá, tivemos mesmo sorte. 


Público - 19.08.2022


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