segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Selvajarias “legítimas”


Mandar matar é exercer um acto de primarismo obtuso, próprio de quem, pessoalmente, não é capaz de o fazer, ou não quer “sujar as mãos” e as lava como Pilatos. Uma fatwa islâmica é uma ordem decretada por um cobarde que delega noutros, a troco de dinheiro ou por qualquer obediência, uma tarefa que, envolta em alguma insanidade, é um profundo desejo individual. 

A sociedade islâmica, outrora na frente da sabedoria, deixou-se ultrapassar, enredada em teias de obscurantismo religioso que, por sinal, já apoquentaram as sociedades ocidentais. Azar dos muçulmanos, que se deixaram ficar para trás naquilo que convencionamos chamar desenvolvimento.

Mas nem tudo é assim tão simples. Em teoria (e na prática), continuamos, no nosso hemisfério, a tomar decisões que, justamente por nos considerarmos mais evoluídos, deveríamos ser mais criteriosos em aceitar. Poucas coisas diferenciam a tentativa de cumprimento da fatwa que perseguia Salman Rushdie há 33 anos do ataque à distância que redundou na morte de Al-Zawahiri. Afinal, ambos eram temidos pela sua perigosidade.

Intrinsecamente, o Homem contém em si os mais básicos sentimentos, que não mudam com o decorrer dos tempos, nem, pelos vistos, com as distâncias geográficas ou ideológicas. 


Público - 14.08.2022


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