quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Na ponta da baioneta

 

Que saudades tenho dos tempos da “guerra” (fria, e ainda bem!), em que os “mandões” do mundo nos faziam crer, quantas vezes carregados de hipocrisia, que estávamos prestes a atingir a concórdia universal. A palavra de ordem era a cooperação, mesmo quando, na realidade, se esmordicavam, de faca nos dentes. Pelos jornais, assisti a infindáveis encontros bi, tri, quadri e multilaterais q.b. em que as partes, sorridentes, juravam a pés juntos que tinham chegado a acordo em tudo e mais alguma coisa, e o futuro só podia ser radioso.

Hoje, lamentavelmente, só me recordo de duas personalidades que, com genuinidade, desejam pactos de não-agressão: Francisco e Guterres. Todos os outros se pavoneiam nos écrans de dedo no gatilho, com ar de que só chegarão ao êxtase quando o premirem. Toma lá sanções, dá-me cá sanções, que assim é que nos entendemos. Diplomacia? Sim, se virulenta. Reciprocidade? Pois claro, mas agressiva.

Não sei em que sítio é que os diplomatas de antigamente escondiam os pruridos de se apresentarem cordatos, educados e cosmopolitas. Mas sei aonde é que os de agora deviam meter as suas recorrentes bravatas.

Ignoram o significado de fair-play, abundam em prosápia, e têm muita falta de juízo, não é?


Público - 04.08.2022 (com supressão das frases sublinhadas, certamente por pruridos púdicos).


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