É voz corrente que, entre os factores da derrota de Kamala Harris, se encontra a crescente penúria da classe média norte-americana. Se a economia, lá, brilha florescente, com todos os indicadores a cintilar, como se compreende que os eleitores a tenham “chumbado”? O desemprego está baixíssimo, mas com salários reais que diminuem; a inflação começou a descer, mas não chegou nem chegará nunca a fazer com que os preços desçam, passando apenas a subir menos. Faz lembrar a “esclarecedora” afirmação de Luís Montenegro, quando, em pleno governo Passos Coelho, nos dizia que a economia do país estava boa, os portugueses é que não.
O “paradoxo” não existe. Já que, nos países desenvolvidos, o PIB não pára de crescer, ao mesmo tempo que as demografias se mantêm relativamente estáveis, sendo necessário compensar a sua falta de dinamismo com a imigração, o resultado “lógico” da relação só poderia ser o aumento do “dinheiro no bolso”. Mas não é, e os eleitores começam a ver que o simples cálculo de um quociente está a ser mal feito, e, à cautela, mudam de “operador”. Daqui a quatro anos, mudarão outra vez, mas só se puderem.
Público - 12.11.2024
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