No campo e na
política, Portugal arde a todo vapor. E o povo rural, o que ainda resta, é
visto através das pantalhas televisivas tal como formigas tontas fugindo da
morte certa, a qual, armada de tridente ardente, tudo lambe e devora em
labaredas criminosas, as quais, todos os anos, renascem das cinzas.
Depois, os
arautos da desgraça dizem-nos que tudo se deve à sempre falta de prevenção,
enquanto outros afirmam que escasseiam os meios que evitem tais tragédias.
Todavia, todos
os anos Portugal arde aos poucos e inexoravelmente caminhará para o seu fim,
pois a culpa não é essencialmente do calor excessivo, nem dos ventos fortes,
nem da falta de limpeza dos matos, mas, outrossim da mão criminosa dos
luciferes que campeiam a monte, semeando a dor e o luto, sem que alguém os
castigue tão duramente, como eles fazem impunemente a este ardido país em
chamas, a caminho das cinzas da nossa desgraça colectiva, sem eira nem beira,
onde as posses cada vez são mais escassas.
José Amaral
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