terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

 

CRISE SOCIAL E EQUÍVOCO POLÍTICO


O CDS que já foi o partido do táxi, provavelmente, será o partido da lambreta, da bicicleta, ou de coisa nenhuma. Este partido, que foi um dos fundadores da nossa democracia e alegado representante da Doutrina Social da Igreja, pode ser vítima do equívoco político deste sistema multipartidário. E, pura e simplesmente, extinguir-se.

O problema do CDS, ao contrário do que se possa pensar ,devido à atual luta de galos pela sua liderança e depois da curta permanência de Assunção Cristas, não tem a ver com a maior ou menor capacidade do seu atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos. Tem a ver sim, com o equívoco político que representam os três tradicionais partidos do chamado arco do poder; PS, PSD e CDS. Tem também a ver com o aparecimento de novos partidos de direita; Iniciativa Liberal, Livre e, nomeadamente, o Chega de extrema direita, de André Ventura.

O equívoco político, é que nenhum destes três partidos representam as ideologias que dizem representar; o socialismo, a social-democracia e a democracia cristã. Estão subordinados ao capitalismo. Nomeadamente, o que menos deveria estar; o PS. Esse é que é o grande equivoco e o drama dos nossos dias. Não só em Portugal, evidentemente. Os trabalhadores, os reformados, os desempregados, as pessoas de uma maneira quase geral, os povos, estão desiludidos. As assimetrias sociais acentuam-se. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Além disso, o sistema capitalista, visa essencialmente o lucro. Não olhando a meios para o conseguir. Os recursos naturais vão-se esgotando e os desequilíbrios ambientais, a poluição da terra, dos rios e dos mares, dá origem às tão nefastas alterações climáticas.

Perante tudo isto, surgem então novos partidos, mas não partidos novos. Ou seja, com a mesma prática dos anteriores. E, pior que isso, surgem os demagogos, os populistas e os que, dizendo-se antissistema, o que pretendem no fundo, é impor métodos prepotentes e antidemocráticos, de má memória. No século passado, conduziram a duas devastadoras guerras mundiais e coisas tão hediondas como o holocausto. Procuram dividir para reinar. São contra as minorias étnicas, contra os emigrantes, contra os que são efetivamente antissistema.

Apesar da tão prodigiosa evolução tecnocientífica e da globalização que poderiam ser um bem para toda a humanidade, são apenas para um minoria.

Portugal, a Europa, o mundo, vivem dias sombrios. Mais negros ainda, por causa da pandemia que veio expor mais as chagas da desigualdade e da injustiça, do capitalismo.

Que fazer? Esperar confinados em casa que a crise passe? Claro que agora temos de estar confinados. Mas não eternamente! Com os devidos cuidados, temos de sair e fazer o essencial. Temos de confiar em quem nos trata, na ciência, confiar em nós próprios e em todos aqueles que querem sacudir de vez os vírus. Da doença, da fome, da injustiça. E há cura para isso! Para além dos fármacos e das vacinas, há a política. Mas sem equívocos!

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"



8 comentários:

  1. Caro Ramalho: concordo com tudo isso, excepto quando referindo-se ao "aparecimento de novos partidos de direita", inclui o Livre. Acredito que foi um equívoco. "Mas sem equívocos"...

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    1. Desculpe-me, caro Francisco, mas não percebi qual é a sua verdade: o que diz o José Valdigem ou que o Livre é um partido de direita?

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  2. Tem razão. E agora ainda vou responder com alguma ambiguidade; teremos razão os dois. Sinceramente, não sei bem onde se situa politicamente, o Livre.

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    1. Compreendo que o Livre lhe desagrade. Daí a aventar a hipótese de ser de direita...

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  3. E eu não compreendo, porque é que compreende, que o Livre me desagrade.

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  4. Eu sei que você sabe que eu sei que não gosta do Livre.
    Se assim não fosse, diria o que disse acima?

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  5. Amigo zé, vivemos dias de tanta preocupação, acha que esta sua insistência tem algum interesse? Eu já frequento tão pouco aqui esta coisa, quer que a abandone de vez? Sinceramente! E fique descansado que nada tenho contra ninguém do Livre.

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