O que mais me surpreende, nessa paródia a que chamam “Comissão de Inquérito à TAP”, é não haver pelo menos um, um só que seja que se aperceba do descrédito e da inutilidade daquilo tudo; é que vão meses seguidos a chamar repetidamente a mesma gente, para lhe repetir as mesmas perguntas, “difíceis”, presumem eles, dias e horas seguidos, com o canal de notícias da televisão pública a dedicar-lhes imenso tempo em directos, como se não bastasse o canal Parlamento.
”Isto é muito grave”, dizia um dia destes um dos anedóticos inquiridores, como se fosse para levar a sério, virado para um ministro que ali mais uma vez foi chamado; e mostram-se muito ofendidos, apelando à intervenção do presidente, se um inquirido tem a frontalidade de demonstrar a inanidade das questões que pela enésima vez lhe são colocadas.
E parece que há quem queira outra comissão, "adjacente" a esta, para desacreditar o que terá sido feito pela polícia dos segredos de Estado, no caso do computador que um funcionário despedido levou indevidamente para casa. Ocorre-me o desabafo dum velho pároco de aldeia, a quem uma paroquiana terá pedido que, na missa, avisasse os demais para vigiarem o gado porque, ao passarem junto do seu campo de centeio, lhe comiam as bordas; e perante a gargalhada que lhe fez tremer a igreja, esclareceu: “não vos riais, que não são as bordas que vós pensais”...
Amândio G. Martins
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