No prefácio ao livro “Contos Completos”, de Fernando Pessoa, Zetho Cunha Gonçalves realça a capacidade que Pessoa tinha de rir de si próprio, qualidade só possível nas grandes figuras, que as incipientes nem o riso dos outros acerca delas suportam, podendo reagir violentamente só de desconfiarem que alguém as estará a “gozar”.
Diz Zetho Gonçalves, que seleccionou os contos para o livro:
“Se outra razão não houvesse para a inclusão de “O Marinheiro” neste livro, bastaria a razão de o mesmo se apresentar como um texto completo, revisto e publicado pelo próprio Fernando Pessoa; para além, naturalmente, da sua inquestionável beleza estética, não obstante o cáustico poema que mereceu ao heterónimo Álvaro de Campos”:
A FERNANDO PESSOA
Depois de ler o seu drama estático “O Marinheiro
Depois de doze minutos
Do seu drama O Marinheiro,
Em que os mais ágeis e astutos
Se sentem com sono e brutos,
E de sentido nem cheiro,
Diz uma das veladoras
Com langorosa magia:
De eterno e belo há apenas o sonho. Porque estamos nós falando ainda?
Ora isso mesmo é que eu ia perguntar a essas senhoras...
Transcrito por Amândio G. Martins
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