Como chovia a potes quando cheguei à vila, fiquei no carro à espera que abrandasse um pouco, revendo umas notas que levava para entregar na gráfica que está a tratar do meu próximo livreco; às tantas percebo uma sombra aproximar-se do lado do carro em que estava e vi um homem fazer-me sinal para correr o vidro. Fiz-lhe a vontade e deu-me bom-dia, a que correspondi.
Depois disse-me que estava o chover, ao que lhe respondi que também já tinha dado por isso e perguntei-lhe se pretendia alguma coisa de mim, para me “livrar” dele e fechar o vidro, porque o vento atirava a chuva para dentro; disse-me que não, que era só para me cumprimentar e conversar um pouco, enquanto esperava o autocarro. Agradeci-lhe e disse-lhe que então era melhor ir para o abrigo da paragem, do outro lado da avenida, não fosse o autocarro chegar e deixá-lo em terra. “Pois é o que vou fazer, saudinha e desculpe, sim”? De nada, vá com Deus e boa viagem.
Era um homem ainda jovem, com aspecto saudável, bem arranjado, sem sinais de “drogadicto”; não pedia nada, apenas quem lhe desse uns momentos de atenção, e como na paragem não havia ninguém, veio ter comigo, sem me conhecer e sem nada de especial para me dizer. É terrível, mas sabe-se que há montes de gente assim, que pode não ter grandes necessidades materias, mas falta-lhes algo muito importante para o equilíbrio da sua saúde mental...
Amândio G. Martins
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