quinta-feira, 15 de junho de 2023

Só falta canonizar a alimária

 

Quando os povos perdem o respeito por si próprios, até um vulgar traficante de tudo quanto é mau para eles pode merecer funerais de Estado e luto nacional, e o que acontece em Itália, perante a morte dum tratante, parece-me muito triste. Diz dele o presidente da República, Sergio Mattarela, que “foi um grande líder político que marcou a República, influenciando costumes, paradigmas e linguagens”, só que não foi para melhor, e se vai fazer escola, nada de bom se pode esperar dali, vendo endeusar uma figura que sempre fez o que quis, usando o poder político para lhe facilitar a prática de todas as patifarias pessoais e empresarias.

 

Usou a fortuna de origem obscura para poder entrar na política e bloquear ou contornar os processos que o poderiam levar à prisão, não hesitando em dizer, acerca dos juízes, querendo obter imunidade para as suas tropelias, que na medida em que tinha sido eleito pelo povo, não podia ser julgado por alguém que tinha obtido a sua posição de poder num concurso. “Nos casos que assolam o nosso desventurado país” – escreveu ao tempo Umberto Eco – “todos os dias se ouvem reacções enérgicas da opinião pública de outros países europeus, mais do que entre nós, contra as  tentativas de golpe de Estado rasteiro de Berlusconi”...

 

Amândio G. Martins

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