quarta-feira, 19 de julho de 2023

Justiça sem respeito por ela própria

 

Uma boa parte do jornalismo que nos tem vindo a ser servido vem contribuíndo para a degradação da Justiça, levando a que sejam arrastadas pela lama muitas pessoas que, mesmo que tenham cometido alguma falha, tantas vezes até por arrasto de situações criadas pelo próprio sistema, deveriam ser sempre credoras da estafada “presunção de inocência”, preceito que parece desobrigar e nada dizer a muitos profissionais da informação escrita e televisionada.

 

Parte desta gente serve-se da fome de ribalta que afecta muitas das figuras das várias magistraturas, como aquele famigerado “súper-juíz”, assediando a sua equipa, quando não os próprios titulares, para que deixem “escapar” alguma dica sobre o que estarão a programar fazer, resultando tudo isto em espectáculos degradantes do que deve ser a  justiça, como foi flagrante com Sócrates que, sabendo os investigadores que vinha do estrangeiro para se apresentar, procederam como se estivesse a fugir do país, com a agravante de terem convidado a Comunicação Social para estar presente e transmitir para o mundo um espectáculo que, a meu ver, deveria envergonhar os dois poderes, magistratura e informação.

 

E brincadeira semelhante foi feita agora com Rui Rio, parece que por ordem do mesmo espectacular “súper-juíz”, que viu instalada em frente ao prédio onde mora, manhã cedo, ainda antes de os investigadores chegarem, toda a parafernália que envolve as transmissões televisivas; e sabendo-se como Rui Rio tem sido muito crítico deste abandalhamento da Justiça, sou levado a pensar que terão decidido vingar-se, tal como penso da mesma forma com o que fizeram a Sócrates, que lhes tinha reduzido para metade as “férias grandes”...

 

Amândio G. Martins

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