Comovo-me com facilidade com pequenas coisas, mas enojo-me da mesma forma com o cinismo com que tentem enrolar-me, como agora fizeram um banco e um supermercado, a pretexto do meu aniversário, que se cumpriu no penúltimo dia do mês anterior; este último, com cujo sistema de pseudodescontos a minha mulher fica muito entusiasmada, fazendo questão de me mostrar no recibo a parcela do que ficou ao meu dispor “em cartão” - sem nem lhe ocorrer que o acabava de lá deixar adiantado - que terá de ser gasto em compras no mesmo sítio e só é válido num determinado espaço de tempo, já me traz farto até à ponta dos cabelos, e com o banco, a que me liguei em 1971, que até fazem questão de o lembrar no cabeçalho dos cheques, nem vale a pena falar.
Teve o supermercado a “distinta lata” de me felicitar pela carga de anos que completava, pondo ao meu dispor o bolo de aniversário com o “generoso” desconto de 25%, como se não me pudesse ser feito em casa um bolo decente, sem comparação possível com o que fazem lá na fábrica deles; quanto ao banco, enviou-me uma lista de livros relacionados com o mundo dos negócios, para cuja compra eu teria um desconto de 5%, era só requisitá-los na agência mais próxima, que mos debitaria na conta...
Amândio G. Martins
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