Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sábado, 21 de dezembro de 2024
A caça aos gambuzinos
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Pontos nos is
Tenho consciência de que, com este texto, poderei estar a infringir a “regra” que apreendi pouco depois de começar a participar n’A VOZ DA GIRAFA, lá pelos idos de 2015, e que dita que os posts não devem dirigir-se particularmente a alguém em concreto. Já o mesmo não se passa com os “comentários” ou “respostas”. Mas como, neste caso, não fui eu o autor do “pecado original”, vou avançar.
Tudo começou com um post de Vítor Colaço Santos (V.C.S.), a mim dirigido, em 24 de Novembro passado, referindo uma "Nota" que aparece no blogue, de que, aparentemente, ele nunca tinha dado conta, mas que está lá há vários anos. Pelos vistos V.C.S. não concorda com essa Nota e está no seu pleníssimo direito. No mesmo dia, respondi em “Comentário” e, pasme-se, essa resposta “desapareceu”, por efeito sabe-se lá de quê ou de quem. Só sei que fiquei surpreendido porque o autor do “desvio”, a existir, não fui eu e, talvez equivocado, sempre pensei que só o autor tinha possibilidades técnicas de interferir nos respectivos textos. Curiosamente, embora fora do activo, a verdade é que a minha resposta se mantém no arquivo mais “profundo” do blogue, como ainda há minutos constatei. Seja como for, V.C.S. leu o comentário desaparecido, porque, já depois de eu ter dado um “Alarme” no blogue, acabou por me responder, quer ao comentário, quer ao post. Inexplicavelmente, teceu aí algumas considerações pretensamente elogiosas a mim próprio, coisa que, nas nossas actividades bloguísticas, é perfeitamente dispensável.
No dia seguinte, V.C.S. voltou ao assunto com mais uma queixa sobre o funcionamento do blogue, alegando desta vez que lhe tinha desaparecido também um comentário ao seu próprio post “Plagiando - AlarmeII”. Curiosamente, e ao contrário do que acontece com o já referido meu comentário que também desapareceu, daquele não consta qualquer registo no tal “arquivo profundo” do blogue.
Confuso? Talvez um pouco.
A verdade é que V.C.S., no seu post “A Nossa Voz da Girafa sobe no Ranking…”, lamenta-se de que o coordenador (eu) ainda não se tinha pronunciado, pressupondo, erradamente, que eu estaria na disposição de apresentar queixa na Sociedade Portuguesa de Autores ou na Polícia Judiciária. Faz ainda alusão a uma possível ajuda técnica (se eu percebi bem…) de um familiar seu. E, de palpável, salvo erro e sem ofensa, nada mais, o que me deixou um pouco perplexo. Por isso, tomei a decisão - não sei se bem! - de me dirigir a V.C.S. por meios pessoais, através de email. Enviei-lhe três emails, em 10, 11 e 14 de Dezembro, sem sequer receber acusação de recepção e, claro, muito menos resposta às minhas questões. Fiquei na mesma perplexidade, até que a “alfinetada” apareceu, no Comentário de V.C.S. no seu próprio post, em 16 de Dezembro. Não poderia deixar de reagir, em tom obviamente desagradado, o que fiz em 17 de Dezembro e, como aí anunciei, aqui estou para, no meu ritmo, dar continuidade ao assunto.
Uma coisa é certa: não sou jurista nem informático. Sou um generalista que gosta da Girafa e que se predispôs a assumir o “cargo” de facilitar, dentro dos meios possíveis, o acesso de membros ou candidatos a isso, à participação no blogue. E penso que mais não deveria ser preciso. Mas, naturalmente, estou aberto a discutir quaisquer ideias e sugestões, para as quais convido todos a pronunciarem-se.
Também é certo que não considero este assunto como um possível prenúncio do fim do Mundo. Aliás, não lhe atribuo importância suficiente para com ele se perder tanto tempo e atenção. Pequenos problemas, por definição, não são grandes. Além disso, quem lida com computadores, nem que seja apenas como dactilografia ou pouco mais, sabe que os contratempos estão sempre a aparecer, e, na maioria das vezes, com mais ou menos umas voltas, eles lá se resolvem. Por mim, não estou disponível para acalentar qualquer teoria conspirativa. Feliz ou infelizmente, o blogue tem a dimensão que se conhece e é bom mantermos a noção da nossa real importância.
Quem sabe se, com um coordenador mais eficiente e proactivo, o alcance do blogue não seria muito maior? Pensem nisso.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Desagregar freguesias, pois claro!
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
À lealdade opôe-se a impostura
REZAS E CONVENIÊNCIAS
Rezem ou não como lhes der na gana
Sem se medirem no que os outros rezam
Nem qual a religião que professam
Porque havendo Deus ninguém o engana.
Que deixe a gente má de ser sacana
Se é por isso que os demais a segregam
Os que os direitos dos outros sonegam
Como podem querer ter boa fama...
Há quem finja rezar para ser visto
Sem qualquer convicção e compromisso
De querer ser uma boa pessoa;
O que reza a pedir pelos negócios
E usa o seu culto com tais propósitos
Ofende Deus e mente à gente boa...
Amândio G. Martins
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
UM TRISTE NATAL
Cá pelo burgo, este natal não vai ser melhor que os anteriores. Os ordenados e pensões de reforma não acompanham o aumento do custo de vida, a assistência na saúde não melhorou. Antes pelo contrário. O Serviço Nacional de Saúde continua a degradar-se a favor dos privados, e quem não tem possibilidade de recorrer a eles, o que é a grande maioria dos portugueses, vê a sua saúde, tal como o SNS, degradar-se.
A caridade, o peditório do Banco Alimentar Contra a Fome e outras instituições do ramo, continua a substituir-se à Segurança Social e ao Estado para encanar a perna à rã à pobreza, pelo menos agora nesta quadra.
Temos até uma inovação. Uma triste inovação. Essa chaga social que é a violência doméstica, segundo o mais recente relatório da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) que o jornal Púbico do dia 11 deste mês dá grande destaque, aumentou mesmo contra os homens e acontece em casais heterossexuais.
Os pedidos de ajuda de homens vítimas de várias formas de violência atingiram 6545 casos em dois anos. As mulheres representam 75% do total de pedidos de ajuda.
Por cada pedido de ajuda de uma vítima homem, a APAV acredita que existem outros dois casos desconhecidos das estatísticas.
Na APAV, os pedidos de apoio por parte de homens cresceram 17% entre 2022 e 2023. No ano anterior, tinham aumentado 15%.
Houve ainda 2176 pedidos de ajuda de crianças e jovens que já estão ou irão estar com processos aberto nas comissões de proteção de crianças e jovens (CPCI).
A aumentar, está também a violência acima dos 65 anos. Nestes casos, não chegam do próprio ou de familiares- que são muitas vezes quem os maltrata- mas de juntas de freguesia, entidades de ação social ou polícias. Quem violenta o homem idoso, por se encontrar numa situação de dependência, são filho, filha, neto ou neta. O que leva a isso? “Dinheiro, não permitir a pessoa tomar decisões, o controlo, a manipulação, a colocação do idoso em lar contra a sua vontade, a que chamamos sequestro em lar acontece muitas vezes”, expõe o responsável da APAV.
Se é este o triste quadro nacional que a APAV divulga e que transcrevemos do Público, que dizer lá fora! Não bastavam as guerras na Ucrânia, no Médio Oriente e o genocídio em Gaza, agora, mais um país, tal como a Líbia, o Iraque ou o Afeganistão, a caminho do caos; a Síria. É o culminar de anos de sanções e ingerências na Republica Árabe Síria pelos EUA, Israel e Turquia. E ataques de grupos terroristas por eles apoiados, com ligações à Al Qaeda e ao Estado Islâmico (e a Irmandade Muçulmana) apresentados agora pelos moralistas do Ocidente como moderados opositores ao então regime daquele país de grande importância estratégica e rico em recursos petrolíferos, mas que não pactuava com eles. Essa é sempre a verdadeira razão da ingerência.
Portanto, caros leitores, não lhes posso desejar um feliz Natal. Mas desejo-lhes o melhor possível. Saúde e disposição para, de qualquer forma, contribuirmos para um país e um mundo melhores e mais justos.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
CTT NÃO SE RESPONSABILIZAM PELO CORREIO NORMAL
A meio do passado mês
de Outubro foram-me enviadas, via CTT, pelo menos quatro cartas, duas de
entidade bancária, uma da Autoridade Tributária e outra dos artistas pintores
das Caldas da Rainha. ATÉ À DATA NRNHUMA ME FOI ENTREGUE.
No final do passado
mês de Novembro reclamei no livro dos CTT de Vila Nova de Gaia, depois de
também o ter feito por e-mail que descobri na página da internet dos CTT.
Através do Apoio e
Voz do Cliente dos CTT transmitiram-me: «Informo que, lamentavelmente, as
averiguações no sentido de apurar o paradeiro de objetos não registados
revelam-se infrutíferas. Devido ao volume de tráfego, nem sempre é
possível garantir o cumprimento dos padrões de qualidade definidos, para a
totalidade dos objetos. Tratando-se de objetos não registados (não deixam
vestígios da sua passagem no circuito postal), torna-se muito difícil apurar em
que fase do seu tratamento poderá ter ocorrido alguma anomalia. Acrescentaram
ainda, que tratando-se de correio normal, como diz o Apoio e Voz do Cliente, «o
que impede o acompanhamento da carta. Neste caso é impossível confirmar o
que aconteceu».
Respondi que «entendo
que os CTT deviam informar os utentes, de forma clara e transparente, QUE NÃO
SE RESPONSABILIZAM PELA ENTREGA DE CORRESPONDÊNCIA ENVIADA POR CORREIO
NORMAL».
É mais uma má
consequência da privatização dos CTT.
O inexplicável e inaceitável preço do gás de garrafa
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
Montenegro (ou Monte-negro?) mente com todos os dentes!
Chaminés Algarvias
Em conversas com amigos, reiteradamente ouço que viajar é inevitável, por proporcionar emoções e experiências. De facto, conviver com novos destinos transforma a alma num rito de passagem, pois, em cada sítio visitado, esperamos uma surpresa agradável que poderá provocar em nós a imagem da leveza, talvez um sol de cor e rotação diferente para uma pessoa que já não é a mesma desde o ponto de partida. Nesta vida de turista, há diversos sentimentos vividos que revelam formas embutidas no imaginário.
Com uma sensação agradável, não posso ignorar as protagonistas principais destas linhas: as típicas chaminés que simbolizam uma riqueza artística e cultural algarvia imensurável. Elas são uma presença constante nas fotografias deste viajante que, um dia, foi residente em Faro para aperfeiçoamento na Universidade do Algarve. Aqui relembro o primeiro contacto com a chaminé algarvia, um momento de calmaria que marcou o meu olhar. Esse símbolo ofertou beleza aos meus olhos e está no prédio da Escola Básica Ria Formosa, localizada na Praça dos Bombeiros, em Faro. Da varanda do apartamento no sétimo andar que foi a minha primeira morada, por vezes ela foi notada – houve vários momentos difíceis de descrever o que senti, mas confesso que fui seduzido.
A partir desse primeiro contacto, passei a observar outros factores nas viagens entre o Guadiana e Sagres. Nas fotografias produzidas em cada itinerário, as chaminés surgem como desenhos de capas de livros, cenários de beleza própria que albergam valores vividos e envolvidos pelas minhas emoções em suas formas amarradas a uma geografia de recônditos mistérios. Ciente de uma tradição profundamente enraizada na paisagem cultural algarvia, esse património de toda a gente alcançou além-fronteiras.
Nas deslocações pelo Algarve, jamais me privei de depositar o olhar e a lente da câmara fotográfica ou do telemóvel nas tradicionais chaminés, mas nunca me atrevi a escrever sobre esse símbolo de arte marcante até aos dias de hoje. Ousei, mas não encontro um vocabulário para concluir, devido à inexistência de palavras para tamanha ousadia; por conseguinte, apenas pontuo que essas chaminés são inolvidáveis diante da relevância estética na espreitadela de quem visita este destino turístico internacional.
Fonte: SANTOS, J. C. V. JORNAL A VOZ DE LOULÉ, ANO 71º, N.º 2042.
domingo, 15 de dezembro de 2024
Um criminoso condenado na presidência dos EUA
"Manos límpias"
Lê-se no JN que o deputado Diogo Pacheco de Amorim, que na presidência do Parlamento ocupa o lugar que cabe à Direita ultramontana, tendo por isso direito a carro oficial e motorista, apresentou uma despesa de 602 horas extraordinárias de trabalho daquele condutor, desde março até agora, mais 400 do que o limite legal, dado que o limite estabelecido são 200 horas por ano; não se conhecem as explicações que para tal despautério terá dado a dita figura, se é que as deu, mas sabe-se que pertence àquela casta de gente que em Espanha se vangloria de “manos límpias”, apesar de lhes ser bem conhecido todo o tipo de falcatruas,
Sabe-se que o líder do partido do referido senhor, tendo sido funcionário das Finanças, quando se viu conhecedor de todos os truques fraudulentos usados pelos que fogem ao cumprimento das suas obrigações fiscais, demitiu-se para se estabelecer por conta própria, ganhando dinheiro a facilitar a vida àqueles cidadãos “exemplares”; e quando o figurão apregoa querer limpar Portugal, o que eu penso ao ouví-lo é que há-de querer “limpar” aos portugueses a dignidade que a democracia lhes concedeu, tendo em conta o que disse quando se viu com cinquenta deputados, que seriam a “vingança” do anterior regime nos cinquenta anos do 25 de Abril...
Amândio G. Martins
sábado, 14 de dezembro de 2024
A «bipolaridade» do astuto Marcelo
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
A EUROPA POR MAUS CAMINHOS
Foi triste, muito triste, ver António Costa, mal tomou posse do alto cargo na União Europeia para que foi investido, deslocar-se imediatamente a Kiev para abraçar o homem de mão do imperialismo norte-americano. O “democrata” que ilegalizou todos os partidos do seu país com exceção do seu e outro da extrema direita. O ambicioso que afogou num banho de sangue (15 mil mortos) as pretensões legítimas da população russófona do Donbass para dar cumprimento aos ainda mais ambiciosos do outro lado do Atlântico, na sua ânsia de hegemonia global.
A velha Europa, do Cabo da Roca aos Urais, tem tudo para ser uma potência neste novo mundo multipolar. Tem saber e potencial. Mas devia ter unidade, cooperação com os seus vizinhos, com toda a comunidade internacional e independência. Não devia submeter-se.
Na extensa entrevista que concedeu ao jornal Público de 29/11/24, António Costa aponta o dedo acusador à Rússia responsabilizando-a pela guerra na Ucrânia, sem fazer uma única referência à sua origem há dez anos, com responsabilidades dos EUA e da UE e não mostrando nenhuma disponibilidade por parte da UE, à única maneira de como deve terminar; pela diplomacia.
“O compromisso da UE com a Ucrânia é para a guerra, para a paz e para a reconstrução”.
Esta guerra que podia ter sido evitada e que agora é premente que cesse, só tem prejudicado a Ucrânia, a Rússia e a UE. Quem ganha com ela, são os EUA. A sua industria de armamento e dos combustíveis. As inúmeras sanções aplicadas à Rússia, o rebentamento do gasoduto (nord stream) que abastecia a Europa, tiverem efeito boomerang em relação aos países da UE que passaram a comprar o gás muito mais caro aos EUA. Que, como se constata, ganha em todos os tabuleiros com prejuízos tremendos para a UE.
O grande apelo de Costa, assim como dos seus correligionários dirigentes da UE, do secretário-geral da NATO (o atual e o anterior) e do Reino Unido, é à corrida aos armamentos. Que, eufemisticamente, designam por indústria da Defesa.
“Há uma enorme oportunidade para robustecer uma indústria (da Defesa) que, como sabemos, tem sido um motor fundamental de modernização do conjunto do sistema. Não há Europa da Defesa sem uma participação activa do Reino Unido”.
Sobre essa imensa vergonha que é o genocídio do povo palestiniano que EUA apoia e UE cala, nem uma palavra. A Amnistia Internacional denuncia; matam-se civis à bomba e à fome, famílias inteiras, a chacina já vai em quase 50 mil. E questiona, que espera mais a Comunidade Internacional para tomar posição enérgica perante o que classifica como a tentativa de Israel de dizimar em parte ou na totalidade, aquele povo.
Na altura em que escrevo, os ataques à Síria intensificaram-se pelos grupos terroristas reforçados, alguns ligados à Al Qaeda. Os “amigos” da Ucrânia, chamam-lhes apenas rebeldes, e não os condenam.
A guerra só prejudica os povos. A corrida não deve ser aos armamentos, mas sim à paz e a uma vida digna para todos os seres humanos. Há meios para isso.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
O que vale a pena
SERENAMENTE
A ocupação retarda envelhecer
A mente daquele que já é velho
Se aceitar o assisado conselho
Que recomenda ter sempre o que fazer.
E quem cultiva alegria de viver
Não gasta o tempo a olhar o espelho
E até a chata dor no joelho
Na boa disposição faz-se esquecer.
E o que parece insignificante
Pode mostrar-se noutra perspectiva
E revelar-se muito importante;
Quem se gastou em sonhos de grandeza
Não teve como desfrutar a vida
Perdendo do que é simples a beleza.
Amândio G. Martins
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
POBREZA, SEM ABRIGO, etc.
Os sem-abrigo em
Portugal serão mais de 13 mil, em crescimento constante.
A cidade do Porto
terá mais de 600 pessoas sem-abrigo e recentemente o seu presidente Rui Moreira
e a maioria do seu executivo camarário rejeitaram rever e melhorar o plano de
contingência para os sem-abrigo.
A propósito dos
sem-abrigo que ocupam as portas do Teatro S. João, na Rua de Augusto Rosa e
Travessa do Cativo, o presidente do conselho de administração do Teatro
Nacional de S. João, no Porto, em Setembro último, anunciou que se estava a
trabalhar para promover a sua integração. No início do corrente mês de dezembro
tal ainda não acontecia.
O Presidente da
República Marcelo, em outubro último, repetiu o que vem comentando desde 2018,
«fazer tudo para num prazo razoável erradicar esta ferida social» dos
sem-abrigo». Na mesma altura o PR também comentou que «a pobreza é um fracasso
numa sociedade». Portugal terá mais de 2 milhões de pobres e a taxa de risco de
pobreza teve o maior aumento dos últimos anos passando para 17%.
Nos 50 anos do 25 de
Abril de 1974, a pobreza, os sem-abrigo, etc. (salários insuficientes e pensões
baixas, falta de habitação, falta de rede pública de creches e lares,
dificuldades no acesso à saúde e à escola pública, etc.), são vergonha e
consequência duma política de direita, que há mais de quatro décadas governos e
deputados do PSD e do PS, revezando-se no exercício do poder político, têm
praticado não resolvendo e agravando problemas nacionais. O Orçamento de Estado
da AD aprovado recentemente vai no mesmo sentido, não resolvendo problemas e
agravando desigualdades. Sem uma ruptura com a política de direita e o surgir duma
alternativa que defenda os valores do 25 de Abril e o desenvolvimento do País,
não sairemos da cepa torta.
Sapadores Bombeiros são heróis!
A Nossa Voz da Girafa sobe no Ranking....
domingo, 8 de dezembro de 2024
JUSTIFICA-SE TAL CAMPANHA?
Perante a avassaladora campanha elogiosa a Mário Soares, decidi, resumidamente, expressar aqui também a minha opinião.
Justifica-se tal campanha?
Se atentarmos quem a faz, evidentemente, justifica-se!
Quem a faz, não são os beneficiários, os porta-vozes e os comentadores alinhados com o regime desta democracia condicionada?
Condicionada, pela comunicação social que dominam, cujo regime, o homenageado foi o principal obreiro.
Regime e democracia condicionada, onde milhões estão na pobreza ou em vias disso. Muitos deles, mesmo a trabalhar. Mas onde, simultaneamente, a tal minoria privilegiada, os principais acionistas dos grupos económicos e da banca, podem obter lucros fabulosos.
Não foi Mário Soares e o seu partido aliados à direita, os responsáveis pelas privatizações do essencial da nossa economia? Daquilo que seria a principal base do socialismo, pelo qual, Mário Soares e então o PS, diziam bater-se. Depois meteu-o na gaveta e agora já nem falam nele.
Não foi e é a desilusão de largas massas populares com o resultado da política do partido de Mário Soares e da direita, que as faz dar ouvidos (e votos) à extrema direita?
Portanto, tendo MS tido o papel tão relevante que teve em tudo isto, é natural que lhe rendam tão extensas homenagens. Mas, até para benefício dos que as fazem,não deveriam ser mais comedidos?
Finalmente, o mais edificante; embora não preocupasse muito Salazar e Caetano, foi contra o regime deles. E como advogado, defendeu alguns dos que mais se baterem contra ele. Contra o fascismo.
Francisco Ramalho
PS- aproveito para vos sugerir um excelente filme do Almodôvar que está aí em exibição: “O Quarto ao Lado”.
sábado, 7 de dezembro de 2024
Sempre o justo pagou pelo pecador
ANIMALIDADES
Garantem-lhes haver no céu um harém
Onde os esperam belas raparigas
Excitando os ignóbeis homicidas
A praticar todo o mal que eles querem.
Onde vão orar é falsa a mensagem
Para passar as mais torpes mentiras
Inspiradas em lendas já falidas
Em que alimentam a sanha selvagem.
E causa receio no “mundo livre”
O refugiado que cá arribe
Esgotado de tanta fome e guerras;
Temendo que entre os que buscam pão e paz
Se dissimule o assassino audaz
Trazendo horror a pacíficas terras...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
A lebre e a manteiga
Mark Rutte, o ex-chefe de fila dos governantes do Norte, frugais por definição, sempre prontos a “carregar” nas tintas da austeridade para os outros, os do Sul, vem agora fazer um lancinante apelo aos países da (sua) NATO para abrirem para além do sustentável os cordões à bolsa, e investirem em capacidade de fogo que, de uma vez por todas, arrume a Rússia do caminho. Faz lembrar a lebre (não a da tartaruga de Zenão, e muito menos a do gato de Cavaco) que se lança na exploração dos caminhos da dianteira, ou então o barro que se atira à parede para ver se “agarra”. Pretende ele, para “salvar” o Ocidente, que os países membros sejam austeros nas despesas de saúde e nas pensões de reforma, esbanjando à larga o que for necessário em armas e defesa. Dito por outras palavras: “que se lixe” a manteiga, gastemos em canhões. Se eu mandasse, ficava com a manteiga, porque, com canhões, ainda alguém se pode magoar.
Público - 06.12.2024
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
Da importância de saber liderar
A luta dos bombeiros profissionais por melhores condições para o exercício das suas duras tarefas tem revelado, a meu ver, uma deficiente liderança, que culminou agora no triste espectáculo que deram junto à sede do Governo, dando motivo aos negociadores da parte deste para suspender os trabalhos; de facto, aqueles bombeiros deviam ter presente que não basta ter razão, que tão importante como ter razão é saber não perdê-la, e não foi isso que aconteceu, levando para as negociações um bando de arruaceiros, com artefactos que não têm cabimento em tal situação.
Assim, não chocará ninguém com algum sentido das proporções a decisão tomada por quem governa, porque não é aceitável, em democracia, alguém querer resolver seja o que for à força bruta, sobretudo tratando-se de gente de quem se espera alguma contenção e disciplina, cívicamente obrigada a transmitir às populações uma imagem totalmente oposta àquela que deixaram...
Amândio G. Martins
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
MANIPULAR PARA CONDICIONAR E REINAR
Vou com frequência a Lisboa de comboio que em horas de ponta, anda à cunha. Há um pormenor que salta à vista. Com certeza, será comum a outros transportes coletivos e não só; é muito raro ver-se uma pessoa a ler um jornal. E livros, embora mais vulgar, mas também muito pouco.
“Ler jornais é saber mais”. Lembram-se do slogan? Claro que era publicidade aos jornais, mas é verdade. Portanto, agora que quase não se lê, sabe-se menos. Também podem ser lidos na Internet. Mas também aí, não será uma reduzida minoria que o faz?
A informação/formação é fundamental para a democracia. Daí, os (dois) partidos que se alternam sucessivamente no poder. Daí, a desilusão que dá ouvidos à demagogia e ao populismo de outras versões desses partidos. Sobretudo a pior delas; a da extrema direita.
A televisão e a rádio, não substituem os jornais. Muito menos as redes sociais onde abunda a palha e o lixo.
Quem ganha com isso são os beneficiários do sistema. A minoria que condiciona a esmagadora maioria. Que a manipula através dos órgãos de (des)informação que controla.
Os exemplos são mais que muitos. Ainda no meu penúltimo artigo de opinião dei um sobre a manifestação da CGTP ininterrupta do Cais do Sodré ao Rossio. A Renascença e a SIC-Notícias, disseram que foram mais de mil pessoas. É verdade! Mas a ideia com que se fica com mais de mil, é que seriam mil e tal, mil e poucas. Foi essa ideia que quiseram transmitir para desvalorizar, para lhe retirar importância. Outro exemplo recente: no programa “Consulta Pública” da Anyena1 de quarta-feira passada sobre a guerra na Ucrânia, os cinco convidados disseram resumidamente todos a mesma coisa: que Putin é o mau da fita, que invadiu a Ucrânia e que tem de lá sair a bem ou a mal. Se não sair a bem, a guerra tem de prosseguir.
Qualquer órgão de informação, ainda por cima público, deve ter um mínimo de isenção e pluralismo. Numa matéria tão importante, não houve minimamente essa preocupação. Os ouvintes ficam apenas com uma opinião. E isto é condicioná-los. Manipulá-los.
Não houve antecedentes? Não havia já 15 mil mortos? O aliado dos EUA, da NATO, da UE, o democrata dos quatros costados que ilegalizou todos os partidos ucranianos com exceção do seu e outro da extrema direita, o aliado dos que podiam ter evitado a guerra ou que já podiam ter acabado com ela diplomaticamente, por exemplo, através dos Acordos de Minsk, não impediu, pela força, a justa reclamação da população do Donbass à sua autodeterminação através de um referendo?
Não é para condicionar, manipular, que não convidam outras personalidades? Por exemplo, ex militares de alta patente bem informados e até com experiência no terreno, ou civis! Gente também com muita informação e formação. Há diversos. Como exemplo, por ser bem conhecido dos leitores deste jornal (e a nível nacional) até porque já foi diretor convidado dele, Viriato Soromenho-Marques, que tem insistido nos perigos deste conflito se não acabar como deve ser; diplomaticamente.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
OE25 é contra a Constituição!
Movimento
QUANDO O DESCANSO CANSA
Fico tenso quando não faço nada
Mesmo que não seja por muito tempo
Que a gente precisa de movimento
Sem o que vai ficar ancilosada.
A gente que anseia ser jubilada
Por para o que faz já não ter alento
Depressa vai ter outro sofrimento
Se ficar por muito tempo parada.
É que manter sempre activa atitude
Já revelou ser bom para a saúde
Seja a parte física como mental;
A gente que andar bem esclarecida
Sabe valorizar a vida activa
Porque a inactividade lhe faz mal...
Amândio G. Martins
domingo, 1 de dezembro de 2024
AGRESSORES
Mal tomou posse como presidente do Conselho Europeu, António Costa, foi de imediato reafirmar o apoio da UE ao democrata dos quatro costados, o homem que ilegalizou todos os partidos do seu país à exceção do seu e de outro da extrema direita. O democrata dos quatro costados, que inviabilizou com um banho de sangue (15 mil mortos) a justas aspirações da população russófona do Donbass à sua autodeterminação e que posteriormente, alinhando com os seus protetores da UE e dos EUA, rasgou os acordos (de Minsk) que previam tal decisão. O democrata dos quatro costados, que dá guarida a descendentes de nazis confessos, como Stepan Bandera.
Costa, afirmou à sua chegada a Kiev, que a UE continuará a dar todo o apoio possível à Ucrânia, incluindo o militar, para que esta consiga a paz. Mas não uma paz qualquer! “A paz que não beneficie o agressor”.
Portanto, para os que advogam a continuação da guerra, estamos conversados quem só para eles são os agressores.
Entretanto, o “democrata dos quatro costados”, já não se importa que o Donbass determine o seu futuro, desde que se concretize o que desde há muito, implora: a entrada da Ucrânia para a NATO.
Como resposta à decisão dos principais interessados nos objetivos da guerra de fornecerem misseis de longo alcance, o Governo de Putin, responde com uma amostra da novíssima série de mísseis Oreshnik.
Eis algumas características destes mísseis: são ultrassónicos (3 quilómetros por segundo), podem transportar 6 ogivas (convencionais ou nucleares), são de uma precisão total e, até agora, nada os consegue intercetar.
Como exemplo, o jornalista brasileiro Pepe Escobar, no seu canal do YouTube, Pepe Café, diz que apenas uma dessas ogivas convencionais, pode reduzir a escombros, num raio de 2 quilómetros, a sede da NATO em Bruxelas.
Portanto, como se constata, temos a continuação da guerra na Ucrânia, na Europa, assegurada. Até quando e quais os resultados, veremos! Mas podemos (ou não?) imaginar.
Francisco Ramalho
sábado, 30 de novembro de 2024
O gueto de onde emergiram o gueto do Zambujal e outros que tais.
CHUCHU
A origem do chuchu será na América Central, no Panamá e Costa Rica, sendo registado na botânica a meio do século XVIII. É um legume que pode ser verde ou branco, da família da abóbora, pepino e melão, sendo consumido durante todo o ano, com um sabor suave, sendo de fácil digestão, rica em fibras e com poucas calorias. Todas as partes do chuchu podem ser consumidas, a polpa, a casca e folhas. O chuchu em cru pode ser ingerido em saladas, desde que cortado ou laminado em tiras finas e depois temperado como a alface; pode ser cozido, em sopas e ensopados. É rico em vitaminas e sais minerais. (imagens obtidas na Silvã de Cima, Sátão, Beira Alta)
''Plagiando'' - AlarmeII
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Alarme
Não quero ser alarmista nem, tampouco, o assunto merecerá tal atenção. Mas, por ser estranho, e conter uma dose de abuso bastante forte, não resisto a trazê-lo aqui. Em 24 de Novembro passado, Vítor Colaço Santos apostrofou-me aqui com um post intitulado: “Ao c\de José Rodrigues - coordenador da nossa (ou com aspas - nossa), Voz da Girafa”. Nesse mesmo dia, coloquei nesse post um “comentário” que, no caso, mais deveria ser um “esclarecimento”. Não o transcrevo porque é um pouco longo, mas, caso alguém o pretenda ver e me informe, terei muito prazer em repeti-lo. Pelo menos até ontem, esse comentário manteve-se visível no blogue.
Hoje, inexplicavelmente para mim, esse comentário “escapuliu-se”. Como? Não faço a mínima ideia. Imagino que alguém o retirou de lá. Ora, como não sei como, tecnicamente - se calhar é muito, demasiado, fácil! -, se poderá fazer uma coisa dessas, e dado que, pensava eu, a norma maior que aqui no blogue nos rege é a do respeito mútuo, sem que ninguém mexa no que não é seu, venho alertar para o perigo de vermos alterado ou, até, eliminado, o nosso trabalho intelectual. Apetece-me perguntar, como o Dr. Spencer Johnson: “Quem mexeu no meu queijo?”. Ou é da minha vista, ou a pergunta vai ficar sem resposta…
Tudo isto me leva à conclusão, impensável até há pouco, de que o mero cargo de coordenador deste blogue, deveria ser desempenhado por um “expert” em ciências computacionais, e não por um generalista qualquer, convencido de que basta vir aqui defender as suas opiniões, auxiliar os restantes em pequenas dúvidas ou dificuldades, e pouco mais.
Quando reina o absurdo...
Informa o JN que Câmara de Gaia despejou uma senhora com um filho porque, tendo-lhe falecido o pai, de quem cuidava e era o titular do arrendamento, ela não tinha direito a continuar na casa; como a notícia não refere a tipologia da casa, e do município também não o esclarecem, não sabemos se poderá dar-se o caso de ser uma habitação demasiado grande para uma família tão pequena mas, mesmo que assim fosse, o correcto seria os responsáveis pela habitação social de Gaia destinarem àquela família monoparental um alojamento de acordo com o número de pessoas que a constituem, e não despejarem-na para eventualmente alojar outros.
Acusam a senhora de ter recusado as alternativas que lhe ofereceram, mas se foi aquilo que dizem ao JN - alojamento temporário num centro de acolhimento de emergência ou num quarto - também parecerá absurdo a qualquer pessoa equilibrada, e ocorre-me perguntar como irá processar a cabeça daquele adolescente uma situação destas, e que consequências lhe poderá trazer para o futuro...
Amândio G. Martins
terça-feira, 26 de novembro de 2024
A MORAL DOS DEFENSORES DAS GUERRAS
O grande argumento dos apoiantes da guerra na Ucrânia, é que esta foi invadida pela Rússia e que isso é uma clara violação do Direito Internacional. Mas omitem todos os antecedentes dessa invasão. Omitem que na região onde ela se verificou, o Donbass, a sua população de tradições e língua russa, há muito exigia um referendo para determinar a sua autonomia. Referendo esse que constava nos Acordos de Minsk. Como se sabe, Francoise Hollande, Ângela Merkel e mais recentemente o ex secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg,confessaram que a sua discussão servira apenas para ganhar tempo e armar o regime fascizante de Zelensky. Regime esse que para abafar o legítimo direito daquele povo à sua autodeterminação, antes da invasão, já tinha provocado imensa repressão e 15 mil mortos. Assim como omitem a questão da NATO. A promessa da sua não expansão para leste incluindo uma futura adesão da Ucrânia como Zelensky tem insistentemente implorado, ficando Moscovo na mira, a minutos, dos misseis do ocidente capitaneado pelos EUA.
E é esta mesma gente que apoia a maior vergonha do nosso tempo, o genocídio na Faixa de Gaza, só comparável ao holocausto nazi. Ainda agora vetaram, os EUA, na Assembleia Geral da ONU, mais uma proposta de cessar-fogo.
Em vez de procurarem a paz à mesa das negociações, única forma dela ser conseguida sem mais derramamento de sangue e ameaças à paz na Europa e no mundo, no fim do mandato, Biden, decide autorizar o governo de Zelensky a utilizar misseis de longo alcance para bombardear a Rússia, fazendo assim escalar a guerra com consequências decerto muito perigosas.
Finalmente, por cá, os responsáveis pela crise em sectores tão importantes como o Ensino onde a falta de professores deixa sem aulas milhares de estudantes. Ou na Saúde, devido ao estado a que deixaram chegar o SNS onde se insere o INEM que devido a diversas e inaceitáveis falhas e insuficiências, provoca mais de uma dezena de mortes. Podemos e devemos acrescentar ainda a crise na habitação e os salários tão exíguos que milhares de trabalhadores empobrecem mesmo a trabalhar. E, claro, as parcas pensões de reforma que colocam tantos portugueses e portuguesas, depois de uma vida de trabalho, perante o triste dilema de comprar medicamentos ou alimentos.
Quando dizem que não há dinheiro, que o país não tem recursos, o secretário-geral da CGTP , Tiago Oliveira, nas grandes manifestações de Lisboa e do Porto do passado dia 9 que a comunicação social dominante deu uma pálida imagem, lembrou que só no primeiro semestre deste ano, os tais responsáveis, os governos do PS e do PSD, permitem que 19 grupos económicos tenham, por dia, lucros de 33 milhões de euros. Os mesmos governos que já canalizaram centenas de milhões de euros para alimentar a guerra na Ucrânia.
É esta a política, a moral, desta gente. Até para minimizar e reverter esse enorme perigo que são as consequências das alterações climáticas que as guerras agravam, é imperioso acabar com elas.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Ganha força a alternativa
Ainda não consegui discernir a lógica que leva a ONU a realizar Cimeiras do Clima em países produtores de poluentes, mas alguma haverá; todavia, o que se tem verificado é que elas servem, no caso concreto, para dar palco àqueles países para poderem defender o seu negócio, como agora se verificou, com o presidente do país anfitrião a verberar a luta dos activistas por uma Terra mais limpa, defendendo que o gás e o petróleo são uma dádiva divina, devendo ser agradecida a Deus e não atacada.
Sabendo-se que os combustíveis fósseis representam o pão com manteiga da maioria das gentes daqueles países, é ingenuidade esperar que eles façam livremente seja o que for para a sua redução, a menos que houvesse no mundo vontade de lhes colocar à disposição as somas equivalentes ao que lhes rendem as explorações; assim, a solução que me parece mais racional é a que já vem sendo posta em prática, no desenvolvimento de energias limpas alternativas ao fóssil, que os vai obrigar a falar menos grosso e a repensar tudo, e eles, como sabem disso, irão aproveitar tudo quanto puderem...
Amândio G. Martins
domingo, 24 de novembro de 2024
Ao c\de José Rodrigues - coordenador da nossa (ou com aspas - nossa), Voz da Girafa
Um Café em Loulé
Na minha última viagem a Portugal,
especialmente à cidade de Loulé, no Algarve, fiz uma pausa para um café num
famoso local da Praça da República, nº 67, no Café Calcinha, ou, simplesmente,
Café do Poeta António Aleixo. Ao sentar-me a uma mesa na parte interior do
estabelecimento, fiz o meu pedido e, com a paciência de quem tem todo o tempo
do mundo, fui inundado por sensações, lembranças e sentimentos inevitáveis.
O prazer de estar
novamente nesse lugar fez-me sentir rico em experiências. A memória levou-me a
revisitar leituras e convívios pessoais, sem esquecer de celebrar o turismo em
Loulé e vivenciar com a alma uma terra de criação, sedução e tradição. Durante
essa pausa de viajante, recordei o tema “Fado das Amendoeiras”, de Ary dos
Santos e Fernando Tordo, interpretado por Carlos do Carmo.
Revisitar na memória essa
canção, enquanto olhava para o monumento de António Aleixo, fez-me reconhecer
que a viagem rompe a rotina quotidiana e nos conduz lentamente ao encontro dos
nossos desejos. Nesse hiato, sentar-me para um café foi também um exercício de
ócio que me permitiu deixar a música revelar, a partir da memória, as essências
do viver sem desperdiçar os detalhes de uma cidade algarvia que, ao mesmo
tempo, faz parte da literatura de António Aleixo; assim, a minha viagem não
perdeu o sentido do movimento.
De facto, a música, a
poesia de Aleixo e a xícara de café fizeram-me refletir que estamos sempre em
busca de (re)encontros marcantes, mesmo que sozinhos, e que a vida tem valor se
temos algo para contar ou uma nova emoção para viver. Estamos sempre à procura
de um café, de um bom livro para ler ou de uma viagem que nos surpreenda, para
não sentirmos falta de quem somos. Com isso, aprofundamo-nos em nós próprios,
sem medo das emoções.
As coisas são simples diante dos meus sonhos. Depois do breve café, sem vontade de partir, olhei para a xícara vazia na mesa em frente ao poeta; levantei-me, pois era necessário continuar a caminhada, com novos destinos para visitar e experienciar. E os outros turistas, ah… esses hão de amar ao visitar esta inspiradora cidade e o emblemático Café Calcinha.
Publicado por Jean Carlos Vieira Santos, Jornal A Voz de Loulé, Algarve (https://www.avozdeloule.com).
sábado, 23 de novembro de 2024
O absurdo da ministra da saúde tutelar o IGAS
O MUNDO À BEIRA DO ABISMO?
Inopinadamente com as malas que já deveria ter feito para ir para casa, e depois de sempre ter dito que não queria uma confrontação com a Rússia, Biden, deu o dito por não dito, e deu luz verde a essa confrontação ao permitir o disparo de misseis de longo alcance contra aquele país. Misseis fornecidos pelos EUA e manuseados por técnicos militares também de lá. Já muito falcões da coligação de 50 países anti-Rússia esfregam as mãos. Nomeadamente a França e a Inglaterra que também têm “ameixas” daquelas ou parecidas e que também querem molhar a sopa.
O professor Viriato Sorumenho Marques, um homem que pensa e é bem informado, e formado, já há tempo que anda a alertar para o perigo que corremos, todos, grande parte da humanidade, ou mesmo toda, se insistirem em tentar abocanhar, encurralar, Rússia. Já Napoleão e depois Hitler com todos os fascista aqui deste lado atrás o tentaram e não conseguiram. Desta vez também não. Só que desta vez, o preço poderá ser muito alto. Para a Europa e provavelmente não só. Quiçá, para todo mundo.
Diz ele que esta coligação dos 50 (os mesmo que apoiam ou fazem vista grossa ao vergonhoso genocídio de Gaza) onde se inclui, claro, a NATO, tem muitíssimo mais poder convencional e parece que vai reunir na próxima terça-feira com o milhafre da Ucrânia. Se decidirem avançar, disse o nosso amigo Viriato a Márcia Rodrigues ontem à noite (Janela Global. Não viram?) estará o caldo entornado. Que nos queimará, mesmo no sentido literal do termo, a todos.
Diz ele que esta miserável aventura (palavras minhas), passará para outro patamar: o nuclear. E o que se procura na guerra, nas guerras, a vitória, não haverá. Perdem todos. Perdemos todos.
Francisco Ramalho
Os pobres nada têm a celebrar - Correcção
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Os obres nada têm a celebrar...
Sapatos de defunto
DO INCÓGNITO AMANHÃ
Meritório é o que realizes
Sem ficar a contar com a herança
Dos que nunca sentiram abastança
Por viver em tempos bem mais difíceis.
Mas se insistes em cometer deslizes
E abusas do tempo de bonança
Desgastas depressa a tua pujança
Desbaratando os dias mais felizes.
Aquilo que te parece improvável
Pode fazer-te um mal incalculável
Se mudar a tua realidade;
Repara só naqueles sem abrigo
De quem foge o que se dizia amigo
Quando teve alguma prosperidade...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Alvorada: Deficitária e embusteira
Ressuscitem a diplomacia
Assertivo como sempre, e acertado como quase sempre, o “Escrito na Pedra” do PÚBLICO de hoje, 19 de Novembro, consignado a Diderot (“Há muito tempo que o papel de sensato é perigoso entre os doidos”), fez-me lembrar o Papa Francisco. Entre os dirigentes do mundo actual, parece ser o único com a sageza e a sensatez suficientes para se aperceber de que os nossos valores não têm de ser coincidentes com os valores de todos os outros, nem, por outro lado, lhes são “superiores”. “Sacar” da arma, à maneira dos cow-boys, parece ser a única forma que esses dirigentes conseguem articular nas suas pequeninas mentes para liderar as comunidades.
Depois de tudo o que aprendemos com as tragédias mundiais que o século XX nos “ofereceu”, talvez já convenientemente esquecido por muitos dos que “mandam”, pasma-se que estes não consigam balbuciar mais do que ameaças e contra-ameaças, no (des)concerto planetário, sem qualquer recurso ao diálogo. Para gáudio dos belicistas, muitos deles sem suspeitarem de que o são, proliferam as guerras, todas “justas” à vista dos seus exclusivos interesses. É tempo de “sacar” do humanismo, sem medos de quaisquer acusações de colaboracionismo, traição ou mesmo cobardia, e bradar: Abaixo as armas, viva a diplomacia.
Das anedotas da Justiça
Diz a notícia do JN que uma senhora, avisada de que em cima do telhado de uma sua propriedade andava um homem desconhecido, foi ao local e retirou a escada usada pelo intruso até que chegasse a GNR, que entretanto chamara; o sujeito, que deu como justificação ter subido para limpar o telhado, sem que a proprietária ou quem quer que fosse lhe tivesse encomendado tal sermão, acusou a senhora de o ter sequestrado e apresentou queixa, tendo o tribunal absolvido a acusada.
Todavia, demonstrando não ter limites para a sua falta de vergonha, e como também não há limites para o absurdo, o indivíduo recorreu daquela sentença e foi-lhe dada razão em segunda instância, para descrédito da Justiça; perante esta inacreditável sentença, a senhora também recorreu, tendo voltado a ser absolvida e reposta alguma dignidade no imbróglio, porque a notícia não diz se o intruso foi condenado por litigância de má-fe, que é o que me pareceria mais decente, ou se porventura ainda irá recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem...
Amândio G. Martins
O grau menos zero do desgoverno
terça-feira, 19 de novembro de 2024
A GRANDE MANIFESTAÇÃO DA CGTP E A COMUNICAÇÃO SOCIAL
A CGTP-IN realizou no passado dia 9 em Lisboa (e no Porto), uma grande manifestação pelo aumento dos salários e pensões, pela defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. Pela sua dimensão, supomos que surpreendeu muita gente. Mas surpreendeu quem lá esteve! Quem não esteve, não teve essa impressão. A comunicação social dominante, como habitualmente, não quis que tivesse.
Para se ter uma ideia, quando acabou de sair do Cais do Sodré, já os primeiros manifestantes chegavam ao Rossio.
Não sabemos bem como foi tratada pela generalidade dos media, mas sabemos por alguns: Antena1, Rádio Renascença e SIC-Notícias, que não deve ter sido muito diferente dos outros.
Disse a rádio pública: foram “milhares de pessoas”. Não sendo objetiva, mesmo assim, dos três, foi a mais fidedigna. A estação de televisão e a de rádio, avaliaram em “mais de mil pessoas”. Uma tristeza! Para não usar um merecido termo bem mais forte. Mais de mil, podiam ser mil e uma, ou 40, 50 ou mesmo 60 mil, que foi o que aconteceu.
Deveriam referir, pelo menos, dezenas de milhar.
É mais um exemplo de como os media, os donos deles, disto tudo, tratam a maior central sindical deste país e as forças mais consequentes da oposição. Para manipular e desanimar o povo, contribuindo assim, para esta democracia condicionada.
Do discurso do secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, que focou os principais problemas que afetam os trabalhadores e o país, apenas uns respigos. E teriam muito para dizer!
Por exemplo: “ A real situação é a continuação do empobrecimento de quem trabalha ou de quem trabalhou. Não é justo que tenhamos no nosso país 2,7 milhões de trabalhadores que ganham menos de 1000 euros brutos por mês(…) Não é justo que 850 mil trabalhadores recebam apenas o SMN. Como não é justo que na Administração Pública, dos 750 mil trabalhadores que a compõem, 160 mil ganhem o salário mínimo. Os argumentos são sempre os mesmos: a economia não aguenta, o país não aguenta. Logo, não pode haver aumentos salariais. Mas, enquanto dizem isto, 19 grupos económicos lucraram, no primeiro semestre de 2024, por dia, 33 milhões de euros.”
Sobre outro assunto fundamental, a produção nacional : “Não é aceitável que o país abdique de setores industriais fundamentais e se reduza a economia à dependência do turismo. (…) Tínhamos a Sorefame, fazíamos os nossos próprios comboios. Desapareceu. Tínhamos Estaleiros Navais. Deram um grande grande rombo na nossa industria naval. Temos a TAP, mas pelos vistos não serve para o Estado, mas serve para o setor privado do capital transnacional. Tínhamos a EFACEC, mas também foi passada para grupos multinacionais.”
Abordou outros problemas da responsabilidade de quem nos tem (des)governado há décadas. Como o descalabro no Serviço Nacional de Saúde ou o OE para 2025. E terminou: “Vamos intensificar a ação reivindicativa e a luta, nas empresas e nas ruas, na oposição à política que está no Orçamento e que virá para além dele.”
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Troca-tintas
ARTIFÍCIOS
Não tendo o dom da palavra inspirada
Garatujo sobre o que vejo e sinto
No desumanizado labirinto
Donde a decência se viu arredada.
Porque a tanta pobreza envergonhada
O que prometem tem sabor de absinto
Travo de fel na boca do faminto
Da gente que sempre é ludibriada.
Crendo que o povo tudo lhes consente
Para seguirem com a sua agenda
Atiram uns amendoins à gente;
Cabe-nos denunciar artifícios
E a aliciadora lengalenga
Que sempre termina em mais sacrifícios...
Amândio G. Martins