quinta-feira, 20 de junho de 2019

A propósito de…

 
…os discursos do dia 10 de Junho ainda estão muito frescos e continuam a ser base de algumas discussões que até se alargam sobre a desertificação do nosso interior. Realmente a situação de muitas das nossas vilas e aldeias é alarmante pelo isolamento dos que ainda resistem e lutam por lá ficarem e se vão estiolando.
A culpa será do progresso normal da sociedade que procura estar mais perto dos grandes centros? De famílias que querem que os seus filhos estejam junto das universidades? Terá a ver com a emigração de tantos portugueses empurrados por alguns responsáveis num passado recente? E o que fazer para contrariar algumas destas fugas?
Nestas discussões é sempre referido que os vários governos  têm contribuído para essa desertificação começando pelo fecho de escolas, serviços oficiais e não incentivando a localização de indústrias naquelas paragens. Dizem que o fecho de escolas resultou da baixa natalidade que entretanto ocorreu. Os últimos números sobre natalidade são mais animadores mas ainda longe de resolver um aumento significativo de famílias que queiram fixar-se neste interior. Até porque as condições de emprego do nosso mercado não facilita que os nossos jovens possam “assentar” cedo e constituir família.
O fecho de muitos serviços do estado porque tinham pouco movimento, também levou muitas famílias a deixarem as suas terras e a acompanharem os serviços a que estavam ligados e a falta de uma politica de incentivos não tem levado a que novas indústrias se instalem naquelas terras apesar de, em alguns casos, haver uma razoável rede de estradas e autoestradas com pouco movimento.
Falta em muito do nosso interior uma boa rede de apoio à agricultura e à pecuária, por exemplo,  e – como é referido com muita insistência – é mais “barato” (?) importar do que semear, colher e distribuir pelo nosso País levando a que os portugueses se alimentem de produtos que nascem e crescem bem longe desta terra que é nossa. Ainda há dias num programa da manhã numa das estações da nossa rádio um camionista referia que estava a regressar de Marrocos com uma carga de feijão verde para uma grande superfície.
Entretanto parece que está a acontecer uma pequena melhoria: o novo responsável dos CTT’s está a informar que não vai haver mais fecho de estações destes serviços e que está em marcha a reabertura de várias estações de Correios que tinham sido fechadas em vários Concelhos do País.
Será este passo o principio de uma nova caminhada para a reabilitação das terras do nosso interior? Será que dentro em breve muitos dos nosso idosos, que teimaram em ficar lá longe das cidades, terão os seu netos mais perto? …
 
Maria Clotilde Moreira
 
Jornal Costa do Sol - 19.06.2019

1 comentário:

  1. Claro que não pode servir de consolação, mas nas recentes eleições espanholas foi tema de vários comentadores a "Espanha vaciada", localidades do interior só com idosos, sem qualquer esperança de que voltam a ser o que foram noutros tempos, porque a natalidade, só nos últimos dez anos, baixou 30% no país; e dizem os entendidos que a solução podia ser a imigração, se não estivesse a ser cada vez mais maltratada pelas novas correntes que ascendem ao poder...

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