Gente
metediça
Abundam um
pouco por todo o lado as pessoas que, por tudo e nada, gostam de meter a sua
colherada, sem se preocuparem se são ou não inconvenientes; e se há situações
em que o fazem de coração puro, só no sentido de ajudar, também não falta quem
o faça de forma acintosa, mais para chatear que ajudar…
No caso que vou
contar, penso que a intenção era boa. Andava eu a construír um casinhoto para
guardar a lenha que a gente precisa para
se aquecer no inverno, uma coisa sem grande exigência de perfeição, apenas três
paredes e uma cobertura de chapa pintada.
Aquilo era
mesmo encavalitar uns blocos de cimento, sem fio de prumo, sem nível nem régua,
pretendendo ser o mais rápido possível; mas um camionista que passava na
estrada em frente, tendo parado para falar com alguém, antes de arrancar
dirigiu-se-me nestes termos: “Ih, chefe, isso está torto pra carai”…
Eu já
calculava que muito direito aquilo não havia de estar, mas assim tão torto
também não, embora o ângulo de visão em que ele se encontrava lhe desse outra
perspectiva. Nada preocupado, cheguei-me
ao muro e disse-lhe: “sabe, é mesmo de propósito que eu deixo isto assim
aleijadinho; é que se ficasse tudo muito perfeito ainda podia cá vir alguém
pedir-me para lhe fazer uma coisa igual, e quererem pôr-me a trabalhar é como
quem me mata”!
“Bom, é uma
ideia como qualquer outra”, respondeu o homem, que lá foi à sua vida, bem
decerto a pensar fraca coisa a meu respeito…
Amândio G.
Martins
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